sexta-feira, 27 de abril de 2007

Ser pai e ser mãe

"Bebê morto esquecido em carro pelo pai é enterrado em Guarulhos

O corpo do menino de um ano e quatro meses que morreu na quinta-feira (12), em Guarulhos (Grande São Paulo), ao ser esquecido pelo pai dentro de um carro foi enterrado por volta das 9h30 desta sexta-feira no cemitério Memorial, no Jardim Diogo.
De acordo com a Polícia Civil, o menino ficou ao menos cinco horas dentro do carro da família depois de ter sido esquecido pelo pai, o biólogo Ricardo César Garcia, 31. Depois de tentar socorrer o filho, Garcia foi preso em flagrante por homicídio culposo (sem intenção). Ele pagou fiança e foi liberado.
Em depoimento, o pai disse que saiu com a criança para deixar a mulher no trabalho, às 7h de quinta-feira. Quando chegou em casa, no bairro Jardim Macedo, ele passou mal e dormiu até as 12h, quando ligou para a mulher. Questionado sobre o bebê, ele percebeu que o havia esquecido dentro do carro, na garagem do prédio em que a família mora."

13 de abril de 2007, 09h48. Publicado na Folha Online.

Displicência ou acidente?

Há alguns dias, estava muito presente na mídia, o caso do pai que esqueceu o filho em seu carro, durante tanto tempo que o mesmo veio a falecer. Apesar da efemeridade extrema dos assuntos nos meios de comunicação, algo ainda chama atenção : Afinal o que dizer sobre uma notícia verdadeiramente tão bizarra e tão trágica?
Muitos pesquisadores e psicólogos entrevistados deram depoimentos a favor do pai, dizendo que se tratava de algo não tão anormal. Os especialistas justificaram afirmando que quando uma pessoa acaba saindo de sua rotina, como foi o caso, esquece de muitas coisas, até de extrema importância, como um filho.
Mas mesmo com o aval desses profissionais ainda resiste a pergunta: Será mesmo que se trata de algo comum assim?
Disso não se tem ainda certeza absoluta, mas algo que é muito certo é o fato de que muitos pais nunca cometeram esquecimentos desse tipo. Assim como é também clara, a total desvalorização da paternidade atualmente, pois hoje é tão comum observar pais irresponsáveis e imprudentes, que na verdade nunca pensaram no verdadeiro significado de ter um filho.
Com a existência de pais cada dia menos conscientes, deixaram de pensar no fato de que uma criança tem a maioria de suas noções de mundo, de seus conceitos, de seus sentimentos e de si mesma a partir de seu ciclo familiar, como diz a Sociologia. Esqueceram-se então, como um todo, da imensa responsabilidade que é criar uma criança.
Não se trata de fazer aqui uma caça as bruxas ou de usar a situação, citada anteriormente, como um exemplo para pregar com demagogia a moralidade, assim como grande parte da mídia fez.Afinal, todos somos humanos e até psicólogos apoiaram esse pai nesse caso.
É sim, uma reflexão necessária não para julgar, mas para que se veja a imagem da paternidade hoje. E entender que as pessoas, atualmente, não têm noção do que ela realmente significa. E assim, para concluir tristemente, que talvez essa displicência com “o ser pai” ou com “o ser mãe” seria diferente, se esses tivessem lido um tratado de Sociologia, ou algum texto de Filosofia ou até, quem sabe, “Memórias Póstumas de Brás Cubas”.

Por Luca Contro

4 comentários:

Anônimo disse...

Nossa sociedade massacra cada vez mais as pessoas com cada vez mais tipos de coisas. Tudo tem se tornado cada vez mais rápido e a 'necessidade' de se adequar a esse mundo retira o pouco de tempo que tínhamos para respirar.

Nossa situação atual está bem distante das oito horas de trabalho semanais com isso e aquilo. Muitas pessoas em dois, três empregos. O estresse absurdo causado por esse rítmo doentio que o mundo obriga as pessoas a cumprir.

Talvez a forma de trabalho retratada por Charles Chaplin em "Tempos Modernos" tenha se tornado 'fichinha' para o nosso estilo de vida na atualidade.

Eles se desprendiam de seus empregos quando estavam fora deles...

Mas a pressão que é posta sobre as pessoas não permite que elas façam isso. Acabam pensando: "Será que dá pra fazer isso ou aquilo? contas, contas, contas a pagar! Não tenho receita suficiente para estas despesas quitar..."

Onde vamos parar?!

Pedro Zambarda disse...

É um assunto delicado que nos afeta todos e possui um significado sociológico fundamental...

Ótimo post, abraço!

Anônimo disse...

Pelo que vejo durante a minha vida, é cada vez mais as coisas acontecerem muito rápido, crianças se tornam adultas em um tempo menor, pais que não tem tempo suficiente (Será?), ou não se dedicam aos filhos como deveriam, é sempre a necessidade de trabalho, trabalho, compromisso, conhecimento. Estamos sujeitos hoje em dia a muito conhecimento e pouco tempo para tal, com isso, somos mal formados, mal treinados para a vida.

Mas ainda vejo pessoas que fazem seu tempo dobrar, triplicar, pessoas diferenciadas que sabem administrar o corre-corre do dia a dia e fazer com que a educação e preocupação com seus filhos seja prioridade. São esses que criarão os novos vencedores desse nosso mundo moderno.

Então, é preciso aprender a administrar a nossa vida, para poder gerar e tentar cuidar de outra, não é apenas colocar uma vida no mundo e deixar que a natureza cuide. Responsabilidade sempre!

Abraços, e parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

Oi, amigos do Cidadão do Mundo!
Passei novamente por aqui, em visita amigável ao seu blog, e deixo-lhes um abraço. Cumprimentando a todos pelo lindo trabalho!
Dimas A. Kunsch