sábado, 26 de maio de 2007

4ª sugestão para mini-seminário – A estética

Todos sabem que o homem nas duas fotos acima é ninguém mais além de Arnold Schwarzenegger, ator famoso em filmes hollywoodianos como O Exterminador do Futuro, Conan, o Bárbaro, além de ser o atual governador do estado norte-americano da Califórnia. Ele sintetiza o que a extrema valorização de músculos fazem na estética corporal, um dos temas que será abordado por esta proposta.

O tema do belo é tratado direta e indiretamente por inúmeros filósofos. É tema de debate por toda a parte e em praticamente todo o tempo, pois seu panorama muda ano a ano, minuto por minuto. Abordaremos a hipocrisia humana em dizer que a "verdadeira beleza reside somente no interior", a pressão dos órgãos de comunicação sobre a construção da imagem e o real dano de apreciar apenas valores materiais. É um assunto que cruza tempos, pensamentos e diferenças.

Um dos filósofos que podemos citar como fonte de estudos para essa apresentação é o alemão Friedrich von Schiller, conhecido por participar do movimento Sturm and Drang (Tempestade e Ímpeto), promovido também por Johann Goethe e conhecido por fundar o romantismo na literatura alemã. Em sua obra-prima, Cartas sobre a Educação Estética do Homem, ele trata a beleza da época por um viés histórico, procurando as raízes gregas, mostrando seus defeitos naquele período e comparando com o pensamento do século XVIII.


Há outros filósofos em pauta para a apresentação, como Edgar Morin e sua obra mais contemporânea, O Metodo I: A Natureza da Natureza, e também Roland Barthes, com suas análises baseadas na semiótica, os conhecimentos denotativos e conotativos, além de como isso influi na classificação dos relacionamentos.

terça-feira, 22 de maio de 2007

Minúsculo informativo paulistano da “pouco famosa” zona norte

Estava, nesses dias, lendo um pequeno jornal de bairro dessa região onde moro (esses que são gratuítos mesmo) e reparei em detalhes que estão claros no pequeno texto aqui. Exercendo um pouco de descrição de ruas, vou tentar narrar o que é meu lar talvez não "tão doce", mas bem particular.

A brisa fria da manhã se tornava refrescante e menos agressiva com o passar das horas na Rua Voluntários da Pátria. Desde as 6 da manhã, as travessas do bairro paulista de Santana formam o circuito de tráfego dos trabalhadores, do comercio local e dos mendigos que começam a procurar comida. Obras monumentais, como o metrô, contrastam com as pichações, algumas ofensivas, em suas paredes. Os miseráveis e a poluição visual não poderiam estar completos, é claro, sem a adição da aparência degradada desde a sinalização de transito até o asfalto em si. A rua Darzan, sem nenhum prestígio, reúne os sem-teto, escritórios de advocacia, prédios residenciais e comerciais num mesmo meio e nas redondezas do enorme bingo de Santana, onde várias senhoras comparecem diariamente.
Subindo a Rua Doutor Zuquim e adentrando cada vez mais na pouco conhecida zona norte de São Paulo, vemos paisagens múltiplas: árvores proliferando cada vez que subimos a rua, prostíbulos discretos, a Igreja Nossa Senhora da Salete, lojas de móveis, um pequeno comércio. Embora cada vez mais expandido, os estabelecimentos conservam uma simplicidade típica da região em comparação com as demais.

O bairro do Jaçanã, conhecido antigamente por pouquíssimas linhas de ônibus para seu acesso e por diversas ruas de terra, hoje é mais povoado, mais pavimentado e, por conseqüência, com suas próprias favelas e suas próprias áreas nobres. A impressão que temos, com isso é que, paralelamente ao extremo desenvolvimento de outras regiões, agravamento de crises e outros fatores, a zona norte paulistana permanece num desenvolvimento mais prematuro, num descompasso proposital.

Não é possível andar na calçada de determinadas ruas, como a Alcindo Bueno de Assis, no bairro Barro Branco, e seus asfaltos semi-destruídos. O cheiro na neblina fria da Avenida Água Fria e as várias construções não terminadas próximas à Academia da Polícia Militar lembram vestígios campestres da cidade. Alguns bancos surgem, querendo sugerir progresso, mesmo com o “rosto retrogrado” da região que guarda vestígios rurais mais ricos do que a arborização artificial da Avenida Paulista ou da zona sul. Nada nessa região, exceto pela criminalidade e os problemas generalizados, lembram, por exemplo, o bairro de Guaianases ou Itaquera, ambos na zona Leste. A zona norte parece, isso sim, outra cidade.

quinta-feira, 17 de maio de 2007

Ser manipulado é uma necessidade!



Atitude pouco comum de minha parte, logo após chegar em casa fui conferir ansiosamente a indicação feita em aula pelo professor José Eugênio, de Teoria da Comunicação. Trata-se do documentário A Revolução não será televisionada, filmado e dirigido pelos irlandeses Kim Bartley e Donnacha O’Briain.


Originalmente, os cineastas estavam na Venezuela desde setembro de 2001, em um projeto que procurava contar a história de Hugo Chávez, já presidente eleito e personagem controverso no cenário internacional, porém acabaram testemunhando a tentativa de golpe de estado que ocorreu em abril de 2002.


O resultado dessas filmagens são um rico testemunho de um desenrolar político extremamente confuso e emocionante. Independentemente de o documentário possuir tendências pró-chavistas, vemos na prática o poder monumental que a mídia possui.


Todos nós, como bons estudantes de jornalismo, já lemos diversos textos sobre o poder que a comunicação de massa tem, ou acredita-se que tem. Porém, sem eufemismos, terminei de ver o documentário um tanto perplexo. O que ocorreu na Venezuela foi uma luta em que as massas triunfaram sobre os meios de comunicação. De que outro modo podemos explicar o fato de um golpe, que possuía o suporte da grande maioria dos veículos de comunicação do país, e de grande parte da elite econômica do país, falhar?


Esse foi o meu primeiro pensamento. Chávez é máximo, um verdadeiro herói, o guia incontestável de uma revolução infalível. Afinal, se ele derrotou os vilões da história, que possuíam todas as armas e monstros do mal, quem haveria de se opor? Assim, logo vieram as reflexões, “Seria esse um documentário que conta a versão real da história? Existe a versão real de alguma história?” e todas essas idéias que se tornam tema de inúmeros ensaios e teorias complexas sobre o que é realidade e os poderes da manipulação.


Aí veio a tristeza. Por que aprendemos a contestar tanto as coisas? Hoje, em tudo o que leio, escuto e vejo, acabo notando (ou inventando) intenções secretas e sórdidas por trás. Nós todos nos achamos o máximo quando percebemos as verdadeiras conspirações das coisas. Como somos inteligentes! Nunca seremos enganados! Olhamos as pobres almas que acreditam em tudo com uma superioridade divina.


A verdade é que o breve momento em que o documentário acabou, em que eu estava emocionado pela alegria do povo, dos ministros batendo palmas, do herói que voltava à liderança, me senti envolvido pelos acontecimentos, com vontade de levantar e ir à luta, de bater na cara do porta-voz da casa branca, de cuspir na face de toda essa elite maldita. E depois?


Vejo que o ato de manipular é algo indispensável em nossa sociedade. Sem a manipulação, o modo de vida “civilizado” como nós conhecemos não existiria... Será?

A tragédia em suas milhares de faces - Final

Capa do CD ao vivo do Metropolis pt.II: Scenes from a Memory. As chamas no centro da imagem são uma pequena referência aos atentados de 11 de setembro de 2001, pouco antes de ser lançado o album.

Completando algumas informações sobre o americano Joseph Campbell, o estudioso de mitos e religiosidade nessa análise musical, é interessante saber sua influência na construção de ficções através da análise das mesmas. George Lucas, famoso por filmes extremamente populares de ficção científica como os Star Wars, bebeu das fontes fornecidas por esse homem de renome.

Das influências de Campbell, podemos citar o escritor James Joyce. Era um irlandês expatriado, responsável por livros como Ulysses e por ter provocado mudanças modernas na lingua inglesa.

Para entender melhor essa postagem, por favor, leia a anterior com o mesmo nome.

6."Scene Four: Beyond This Life" – 11:22 (Dream Theater, Petrucci)

"She wanted love forever
But he had another plan
He fell into an evil way
She had to let him down
She said, "I can't love a wayward man."
She may have found a reason to forgive
If he had only tried to change
Was their fatal meeting prearranged?

Had a violent struggle taken place?
There was every sign that lead there
Witness found a switchblade on the ground
Was the victim unaware?
They continued to investigate
They found a note in the killer's pocket
It could have been a suicide letter
Maybe he had lost her love
I feel there's only one thing left to do
I'd sooner take my life away
Than live with losing you"

Nicholas narra o que aconteceu, de fato, com Victoria. Um homem estudioso que se apaixonou de forma doente por ela. Por não conseguir concretizar seu sonho, ele a mata.

7."Scene Five: Through Her Eyes" – 5:29 (Dream Theater, Petrucci)

"I'm learning all about my life
By looking through her eyes"

Agora o desafio se coloca para Nicholas. Ele foi exposto a essa injustiça, essa tragédia e, mesmo assim, carrega o fardo de viver sua vida.

Essa música expõs isso, o que ele apreendeu com Victoria, mas ele ainda não "transcendeu", pegando o ponto de vista de Campbell. Ainda é um homem "comum" que não compreende a morte.

8."Scene Six: Home" – 12:53 (Dream Theater, Portnoy)

"Help- regression, obsession
I can't keep away from it's clutch
Leave no doubt, to find out
It's calling me back to my home"

Essa música faz a real conexão com seu começo Metropolis pt.I: The Miracle and the Sleeper. As duas entidades se encontram com Nicholas e ele pretende voltar a si, pretende achar "seu sentido" perdido na tragédia de Victoria.

9."Scene Seven: Part I. The Dance of Eternity" – 6:13 (Dream Theater, instrumental)

Essa música narra, através de seu instrumental elaborado, a luta de Nicholas para se encontrar, internamente. É a abertura da parte final do album, da conclusão da saga, que pode ser interpretada segundo Joseph Campbell.

10."Scene Seven: Part II. One Last Time" – 3:46 (Dream Theater, LaBrie)

"[Present][Nicholas:]It doesn't make any sense
This tragic ending
In spite of the evidence

There's something still missing"

Nicholas se indaga sobre o fim que sua vida passada teve e se depara com vozes de dentro de sua cabeça. O espírito de Victoria dá vida às coisas. É a "transcendência" de Campbell, o retorno renovado à realidade.

11."Scene Eight: The Spirit Carries On" – 6:38 (Dream Theater, Petrucci)

"[Nicholas:]Where did we come from?
Why are we here?
Where do we go when we die?
What lies beyond
And what lay before?
Is anything certain in life?"

Nicholas fala sobre perguntas que não conseguimos responder vivos. O espírito de Victoria pede para não esquecê-la, pois, em algum lugar, eles vão se reencontrar e serem felizes como não foram nesse trágico acontecimento. O "herói de Campbell" completou sua tragetória aqui, porque o aprendizado está concluído.

12."Scene Nine: Finally Free" – 11:59 (Dream Theater, Portnoy)

"We´ll meet again my friend someday soon...
--
[The Hypnotherapist:]"Open your eyes, Nicholas."
[Nicholas:]"Aaah!""

A saga termina. Nicholas vive um novo presente, o começo de outra vida. Victoria, com essa tragédia, a viver com motivação, mesmo com o acaso que pode ser mortífero e sem sentido.

Para finalizar a postagem, um vídeo do youtube com a música Through her eyes, minha favorita de todo o CD. Espero que tenham gostado da análise.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

A vingança da vingança

No último sábado, dia 12, o ex-policial Alexandre Bicego Farinha passava em sua picape Strada pela Avenida Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, quando foi morto por três criminosos em um carro vizinho. A polícia acredita que o assassinato seja uma vingança por um fato que ocorreu há 14 anos: Farinha foi um dos PMs responsáveis pela chacina de Vigário Geral, em 30 de agosto de 1993.

Nessa chacina, aproximadamente 50 policiais militares, que queriam vingar a morte de quatro colegas assassinados por traficantes, invadiram a favela de Vigário Geral (Zona Norte do Rio) e abriram fogo contra os moradores. 21 pessoas foram mortas. Nenhuma delas tinha vínculos com o tráfico.

Dos 52 denunciados pelo Ministério Público nos processos sobre a chacina, apenas sete foram condenados. Entre eles Farinha, que já foi condenado a 72 anos de prisão, teve a pena diminuída para 59 anos e seis meses, mas continuava em liberdade.

A morosidade, incompetência e parcialidade da Justiça causam revolta e desejo de vingança. Afinal, como as pessoas que assassinaram aqueles 21 inocentes podem estar livres? Não devemos fazer justiça com as próprias mãos? Quantos inocentes mais terão que morrer?

Pelo menos mais um inocente teve que morrer nessa história. O sobrinho de Farinha, Felipe Pimenta Farinha, 14 anos, estava no carro, também foi baleado e morreu no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo. Felipe nasceu no mesmo ano da chacina de Vigário, e era tão inocente quanto as 21 vítimas de 1993.

O desejo de vingança faz parte da natureza humana. Vários filósofos já tentaram entendê-lo, ou formular uma “ética da vingança”. Será que vingar a morte de alguém querido pode fazer você suportar melhor a perda? E qual é, se existe, o limite entre o que chamamos de “vingança” e o que chamamos de “justiça”?

Para vingar o sangue de seus colegas, os PMs derramaram sangue inocente. Para vingar sangue inocente, mais sangue inocente foi derramado. Justo?


“Olho por olho, dente por dente”
Lei de Talião

“Tiveste sede de sangue, e eu de sangue te encho”
Dante Alighieri

“A justiça é a vingança do homem em sociedade, como a vingança é a justiça do homem em estado selvagem”
Epicuro

"A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena"
Seu Madruga

A tragédia em suas milhares de faces - Começo

Embora você possa não reconhecer essa imagem, ela possui um significado imenso para fãs da música heavy metal, em especial o rótulo progressive metal: uma vertente do rock que mistura a batida pesada de instrumentos distorcidos com os elementos minimamente trabalhados (literalmente!) do progressive rock.

É de um CD da banda norte-americana de Boston chamada Dream Theater, conhecido pelo nome Metropolis Pt.II: Scenes From a Memory. Com influencias dos rock stars de 1960, como Pink Floyd, Yes e Genesis, a banda é conhecida por promover músicas "para músicos", além de letras com críticas profundas contra a sociedade, os sentimentos e a humanidade no sentido literal da palavra.

"Vamos por partes", como o próprio nome e a capa do album sugerem. Longe de fazer uma postagem apenas para os fãs da banda, vou resumir a mensagem "de fã" nesse parágrafo, pois o resto é filosofia. O nome veio de uma música de um CD mais antigo da banda, o famoso Images and Words. Seu nome é Metropolis pt.I: The Miracle and the Sleeper, que fala de uma cidade futurista e seus habitantes perturbados, sob o ponto de vista do "Miracle" e do "Sleeper". A idéia na segunda parte seria inserir um "terceiro personagem", que foi transformada num CD inteiro com mais de uma hora!

Teoricamente, a terceira entidade da história (pra quem ouviu a primeira música) seria The Love, mas o album permite outras diversas interpretações, ao longo de sua história trágica rica.

Metropolis pt.II: Scenes from a Memory fala sobre a saga de um homem chamado Nicholas que, ao ser hipnotizado, relembra a tragédia de uma vida passada: a sua morte como Victoria.

Filosoficamente, essa jornada pode ser comparada com a proposta do estudioso de mitos e religiões contemporâneo Joseph Campbell. Ele propõe o "Mito do herói" em várias de suas obras, como O Herói das Mil Faces. Em entrevista antes de morrer com Bill Moyers, ele diz que o herói passa por uma transcendência, uma "busca no seu éter" e, depois, retorna, renovado.

Embora não seja uma viagem feliz, as passagens musicais promovidas pelo Dream Theater mostram transição entre duas vidas completamente distintas. Veremos, então, música por música e com alguns trechos, como ocorre essa viagem:

1. "Scene One: Regression" – 2:06 (Petrucci)

"Close your eyes and begin to relax. Take a deep breath, and let it out slowly. Concentrate on your breathing. With each breath you become more relaxed. Imagine a brilliant white light aboveyou, focusing on this light as it flows through your body.Allowyourself to drift off as you fall deeper and deeper into a morerelaxed state of mind. Now as I count backward from ten to one,you will feel more peaceful, and calm. Ten. Nine. Eight. Seven.Six. You will enter a safe place where nothing can harm you. Five. Four. Three. Two. If at any time you need to come back,all you must do is open your eyes. One."

Após essa contagem, começa uma melodia que resume o album e faz parte de boa parte de suas faxas. Nicholas é introduzido à Victoria, tida como uma pessoa muito querida. Campbell diria, talvez, que a aventura aqui começa.

2. "Scene Two: Part I. Overture 1928" – 3:37 (Dream Theater, instrumental)

Música que ambienta ao ano da trama no passado. Os instrumentos pesados sugerem um ambiente nada hospitaleiro.

3. Scene Two: Part II. Strange Deja Vu" – 5:12 (Dream Theater, Portnoy)

"[Victoria:]Tonight I've been searching for it
A feeling that's deep inside me
Tonight I've been searching for
The one that nobody knows
Trying to break free
I just can't help myself
I'm feeling like
I'm going out of my head
Tears my heart into two
I'm not the one
the sleeper thought he knew"

Victoria fala de suas frustrações pessoais, Nicholas se divide nas vozes de sua entidade passada e a presente, ela e ele. A sensação de "Deja vu" demonstra a familiaridade do narrador com os fatos. É a "busca do éter" narrada por Joseph Campbell.

4. "Scene Three: Part I. Through My Words" – 1:02 (Petrucci)

Breve música que mostra a ligação das palavras presentes com o passado de Nicholas.

5. "Scene Three: Part II. Fatal Tragedy" – 6:49 (Dream Theater, Myung)

"Lad did you know a girl was murdered here?"
"This fatal tragedy was talked about for years"
Victoria's gone forever
Only memories remain
She passed away
She was so young
Without love
Without truth
There can be no turning back
Without faith
Without hope
There can be no peace of mind
--
[The Hypnotherapist:]
"Now it is time to see how you died.
Remember that death is not the end,
but only a transition."

Música que retrata a trama central do "herói de Campbell" e também do menino Nicholas: a perda, a aventura de fato, a transformação. Victoria foi morta de uma maneira trágica e o protagonista tenta entender essa jornada. O homem que o hipnotizou, na parte final que colei aqui, demonstra que a morte não foi definitiva, que serviu à uma causa, uma transição.

Bom, vou deixar gosto na boca de vocês, mas narro as demais canções no próximo post!

terça-feira, 15 de maio de 2007

Grego sinônimo de heleno?

Para aqueles que nunca entenderam o por quê de tal fato, eis a explicação:

Desde o ano 4.000 a.C., diversos de povos denominados indo-europeus, habitaram o norte do Mar Negro, entre os Cárpatos e o Cáucaso, sem jamais se constituir como uma unidade sólida, um povo, uma raça.
Por volta de 3.000 a.C, o rompimento desta frágil unidade provocou a fragmentação dos indo-europeus em diversos grupos e uma conseqüente onda de migrações para vários lugares da Ásia e da Europa.
Como se tratava de povos nômades, os movimentos migratórios ocorreram por muito tempo. Em alguns casos, existem séculos de diferenças entre a migração de um determinado grupo e outro. Mesmo dentro de um mesmo grupo, as migrações ocorreram em diversas etapas. Os atualmente denominados gregos, por exemplo, chegaram à Hélade, um pequeno território no sul da Tessália, em quatro levas: jônios, aqueus, eólios e dórios. Entre os jônios e os dórios calcula-se existir uma distância de oitocentos anos entre as migrações.
A Grécia antiga compreende o conjunto de civilizações que se desenvolveram nas regiões situadas ao sul da Península Balcânica. As terminologias Grécia e grego foram empregadas inicialmente pelos romanos, que nomearam toda a região e os povos que lá habitavam a partir do nome da primeira tribo que encontraram.
Os gregos do período clássico se denominavam helenos, e seu país era denominado Hélade. Eram considerados bárbaros todos aqueles que não falavam o grego. Do mesmo modo, eram chamados helenos todos os habitantes da península grega que dominavam tal idioma.
Somente no final do século VII A.C, o emprego do termo heleno se estendeu a toda a Grécia continental e a todo o habitante, cidadão das mais longínquas e diversas polis (cidade-estado grega). Isso se deve ao fato de que os santuários de Deméter, em Antela, e de Apolo, em Delfos, se tornarem centros religiosos procurados por todos os gregos. A partir de então, criou-se uma liga das cidades gregas para administrar os templos e organizar os festivais, reunindo cidades de toda a Hélade e ajudando na construção da unidade política e cultural destes territórios.


Fontes: http://www.mundodosfilosofos.com.br/indoeuropeus.htm
http://www.cacp.org.br/grecia.htm

Pensamentos

Filosofia!
O mundo pensado.
Varia, desvaria...
Dinamismo volátil.
Pensa...
Infinito terminável.
Semelhanças,
Redundâncias,
Contradições.
Ilusão verdadeira,
Passageira...
Verdade obscura,
Que se configura:
Em Platão, eu, Aristóteles,
Você, Sócrates, Heráclito...
Reflete...
Dualiza o mundo.
Reparte o tudo.
Obseva, tenta, supõe...
Sonha...
Manipula a verdade.
Compreende, capta?
Aletheia, aporia, doxa, logos...
A palavra, persuasão, de todos.
Ágora?
"O homem é a medida de todas as coisas".
Pega delírio!
Mitica...
"Conhece-te a ti mesmo".
Mente, sentidos, luz...
As coisas se transformam?
Átomos?
É eterno?
É sim e não?
Questiona!
"Eu só sei que nada sei".

O papa e os papões


O papa Bento XVI chegou hoje à Itália e muitos já sentem saudades aqui no Brasil. Milhões de fiéis olhavam serenos e distantes aquele aquário blindado, montado na sacada do Mosteiro de São (adivinha...) Bento, desejando dentro em breve o retorno do pontífice. O chefe da Igreja católica disse ter adorado a receptividade do povo brasileiro, sempre muito acolhedor. Desde quarta-feira, 9 de maio, o santo padre suou a batina: visitou uma série de lugares, apareceu diversas vezes na sacada do mosteiro para dar a bênção e andou de papa-móvel sem ar-condicionado, obrigando-o a abrir as janelas de sua cabina-andante (vide foto). Missas foram rezadas, alguns temas discutidos e até Frei Galvão foi canonizado. Cobertura essa que você, caro leitor, cansou de ver e rever ao longo desses dias.
Pois bem, cá estamos... Começo de outono... Friozinho... Ah! Vocês sabiam que os salários dos parlamentares foram reajustados em quase 30% ? Pois é, rapaz... Só eles vão ganhar R$ 16.512,09, fora os ministros, o presidente etc. O papa rezava e os políticos papavam - a sua grana! Pegaram o truque? Basta um desvio de foco e, num passe de mágica, pronto. E você nem viu, né?! Tem mais: o natal, agora, será comemorado no dia 11 de maio, data em que os congressistas aguardarão, ansiosos, a visita do Papa-Noel.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

"Dente por dente"...

Entrevista feita por mim, Pedro de Araújo. Luca Contro fez a filmagem.

"SÃO PAULO - A polícia identificou três punks que teriam participado do assassinato do operador de scanner e skinhead Ricardo Sutanis Cardoso, de 22 anos, ligado ao movimento nazista white power"

Fonte Globo Online, dia 17 de abril de 2007.

E, normalmente, todos nós culpamos o racista.

Os três nessa situação mataram o racista. Eles livraram o mundo da xenofobia?

Ou foram tão xenofóbicos quanto a doutrina nazista, perseguindo ela?

"É treta (rixa) antiga. Foi há cinco meses, na Avenida Paulista . Eu não fui lá porque não tinha certeza" disse um dos acusados, conhecido como "Anão".

domingo, 13 de maio de 2007

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Bodes e o silêncio

“Chico bateu no bode o bode bateu em Chico
Chico apanhou do bode o bode apanhou de Chico
Levanta sacode que lá vem o bode, corre Chico
Fala mudo utopia e tudo
Vai buscar no fundo sua vez suave vivi
Fala mudo como bem querer
Escudo na fonte do absurdo sua vez suave vivi.”


O Bode (Carlinhos Brown)

“E com jeito e proteções,
(...)
Galgam altas posições!
(...)
Não tolero o magistrado,
Que do brio descuidado,
Vende a lei, trai a justiça,

-- Faz a todos injustiça--

Com rigor deprime o pobre
Presta abrigo ao rico, ao nobre,
E só acha horrendo crime
No mendigo, que deprime.
(...)
O que sou, e como penso,
Aqui vai com todo o senso,
Posto que já vejo irados
Muitos lorpas enfunados,
Vomitando maldições,
Contra as minhas reflexões.
(...)
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muito vasta...
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes...
(...)
Pois se todos têm rabicho,
Para que tanto capricho?
Haja paz, haja alegria,
Folgue e brinque a bodaria;
Cesse pois a matinada,
Porque tudo é bodarrada!"

(Luis Gama, "Quem sou eu?", in Primeiras Trovas Burlescas)

Certos bodes parvos, das limitações de Porto Ferreira, a 228 km de São Paulo, conspiraram contra a verdade. Vitimando Luis Carlos Barbon, nosso ex-colega de profissão, um dos finalistas do Prêmio Esso de Jornalismo, em 2003, com uma reportagem sobre aliciamento de menores na cidade, puderam, enfim, no último domingo, descansar em seus pútridos campos. Ainda não se sabe quem foi o bode mandante e nem seus subordinados. Na época do relato, empresários e vereadores foram presos. Um destes envolvidos no esquema relatado no próprio jornal de Barbon, “Realidade”, foi preso e, mesmo assim, o mais votado. Tomou posse na Câmara em abril deste ano depois de um mandado de segurança da justiça. O prefeito, que fora um delegado omisso na época das acusações, lamentou a morte. Há três semanas, Barbon denunciou a ocorrência de superfaturamento na prefeitura.
Barbon era um jornalista por instinto, embora não-formado. Engajado, denunciava sem temor as estripulias da “bodarrada” do eixo do mal. Meses antes de sua morte, não usava mais telefone fixo e recebia diversas ameaças anônimas. Expôs sua vida em prol do direito a informação. A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) e a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) emitiram notas de repúdio ao assassinato. “Não é possível que crimes e ilegalidades só sejam alvo de ação efetiva do poder público, após se tornarem fenômenos midiáticos. Estamos diante de uma prova de ‘déficit de cidadania’ no País, que precisa ser solucionado, sob pena de jamais ser uma democracia”, alertou a Fenaj. A Abraji declarou que a execução é um atentado à liberdade de imprensa. “Exige-se do poder público uma atuação exemplar, com rápida e criteriosa investigação, a fim de que os autores materiais e intelectuais do crime não fiquem impunes. Omitir-se nesse caso é um estímulo à repetição de crimes como esse”. (Hélia Araujo, especial para A Cidade).
O alvo dos injustos se assemelha com um jornalista negro do Segundo Império, que criticava a sociedade hipócrita ferozmente. Luís Gama também não se curvou ao medo, à ameaça e à covardia. Os versos de seu poema “Quem sou eu?” revelam a postura crítica permanente do autor aos seus opositores que o chamavam de bode (por seu chifre ou língua afiada?). Sugere, então, quem são os verdadeiros caprinos. Por outro lado, circundado pela "bodarrada", Barbon foi um bode expiatório. A ele foi incutida a culpa, a mancha, o pecado de homens vingativos. Depositaram sobre ele a chaga de seu egoísmo, de sua raiva e de sua injustiça. Infelizmente, ele não teve a oportunidade de ser desertado, foi logo, a tiros, sacrificado.“[...] vemos o Poder Público Municipal usando de forma errada e imoral nossos impostos, para beneficiar empresas.”

terça-feira, 8 de maio de 2007

Discussões sobre "Imparcialidade"

O avaliador menos influenciável...

O menos corruptor ou corruptível,
O menos chato, seja lá qual for seu critério,
Aquele que se agrada com pouco (banana?).
O que não vê além do que tá na cara,
Sem sequer ter uma razão, uma resposta
Sem nenhuma palavra.

Ainda por cima... é da nossa família!
(Evolutiva, mas vale.)

Qual avaliador seria melhor que o macaco?
De tanto discutir sobre avaliações, blogs e trabalhos, rir do chimpanzé não faz mal pra ninguém.

E não deixa de ser filosófico!


Contribuição de Luca Contro

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Agora, o Blog fala de si


Cidadão do Mundo, um nome de impacto que sugere uma idéia talvez utópica, aparentemente abstrata e muito pouco vista na prática. Cidadão do Mundo, uma coisa que todos somos, admitirmos que nossos preconceitos não nos guiam numa trilha certa. Ficamos totalmente independentes de um destino palpável, único, previsível somente à você. É possível ser “do mundo” no universo humano de hoje, mesmo que você seja marginalizado, invadido, desiludido e desprestigiado. Os olhos podem te fitar e a convivência humana é quase inevitável, mas é raro encontrar uma pessoa que tenha conseguido o olhar, a imagem de si, para os demais como gostaria. É raro achar quem se sinta satisfeito com as respostas que o mundo emprega, as que ele insiste em nos entregar.

Nesse contexto, li a obra Os sete saberes para a Educação do Futuro, de Edgar Morin. Embora não seja o livro central de análise nesse blog, os escritos revelam diversas faces da teoria complexa. Foi escrito e publicado à pedido da UNESCO (United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization ou Organização das Nações Unidas para a Educação). Em sete passagens – erro e ilusão, conhecimento pertinente, condição humana, identidade terrena, as incertezas, compreensão e a ética do gênero humano – Morin nos ensina não somente deveres educacionais num futuro próximo, mas também formas de pensar as incoerências sócio-históricas, especialmente no que se refere à Revolução Tecno-científica (que deveria nos auxiliar e não formar armas ou instrumentos de destruição tanto de massa quanto os indiretos).

Em uma análise mais próxima de acontecimentos cotidianos, tentarei nas futuras postagens abordar cada um dos conhecimentos fornecidos por esse filósofo de atual prestígio. Nessa mensagem, me restrinjo a pensar sobre o nome com que batizamos esse pequeno veículo online. Ele não sintetiza apenas o pensamento de Edgar Morin, mas aborda, sim, a nossa mentalidade.

Pensar que filosofamos apenas sobre acontecimentos simples no contexto do fluxo de informações que lidamos é um equívoco. Outro erro maior seria dizer que nossas reflexões são igualmente simplórias. Não há como explorar as notícias de jornal, músicas, poesia sem mensagens elaboradas, pequenos filmes ou até mesmo textos pessoais com um simples resumo num veículo de filosofia. Empregamos nesse blog o sentido literal de ser um “Cidadão do Mundo”: um mundo integrado por informações, por manipulações, por opiniões de cunho crítico, por atos desinteressados, por regressos e progressos, sem exagerar nesses termos evolucionistas.

Mesmo que cada um dos membros que compõem nossa equipe pensem diferentemente, possuam conclusões próprias a respeito e talvez nem se importem sobre o assunto, Morin me mostrou que, embora não tenhamos consciência sempre, fazemos parte do complexo por “nossa formação nele”. O termo original da filosofia dele, a palavra Complexus, é de origem latina e significa “o que foi tecido junto”. Assim somos nós: pessoas “tecidas numa malha” que já existia e que compõe diversos aspectos em sua superfície.

terça-feira, 1 de maio de 2007

Prestigiar o trabalho?

Manifestante alemão de esquerda em Berlim.

Seguem-se alguns fatos sobre ocorridos hoje, 1º de maio, dia do trabalhador.
Fontes: UOL Últimas Notícias, Globo Online, Reuters Brasil, New York Times, Jornal Nacional, Folha Online.

Cuba não contou com Fidel Castro no dia em que suas manifestações ficam mais claras. Ele não compareceu devido à problemas de saúde.

Presidente George W. Bush assumiu o veto sobre o projeto de retirada de tropas na Guerra do Iraque. Imigrantes ilegais se manifestaram e a fama estadunidense de "dia pacífico" não foi exposta hoje.

Houve conflitos na China. Em Macau, manifestantes exigiram direitos trabalhistas do governo comunista chinês, sofrendo represálias da polícia.

Na Grécia, manifestantes pediram melhores condições de aposentadoria.

Hugo Chavéz aproveitou o dia para nacionalizar multinacionais petrolíferas na Venezuela.

Na República Tcheca, houve manifestação de anti-comunistas a ponto de espantar a oposição política e obrigá-la a transferir seus protestantes para outro lugar.

Na Rússia, apesar de pacífica, houve a presença tanto de sindicatos pró-governamentais quanto saudosistas da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, estes carregando até retratos do ditador Iosef Stalin.

Na Índia, as prostitutas aproveitaram pra se manifestar, também.

Berlim teve outro 1º de maio violento, é tradição.

Presidente Lula não compareceu à tradicional Missa do Trabalhador de São Bernardo do Campo.

No Campo de Bagatelle, em São Paulo, houve sorteio de cupons para carros e apartamentos.

Houveram shows, claro, pra completar o dia.

Análise filosófica, hoje, fica por conta de você.

Uma reflexão sobre nós, mulheres

A intenção aqui não é fazer nenhum tipo de apologia à mulher. É claro que todas as situações têm seus dois ou mais lados e inspiram diversas opiniões. Não pretendo aqui levantar nenhuma bandeira do feminismo, ou culpar apenas os homens pela situação das mulheres na sociedade. Quero apenas registrar alguns fatos e utilizar a escrita como forma de “protesto”.
Convenhamos que é de se admirar o fato de uma sociedade que vive proclamando e alardeando seus avanços tecnológicos não se preocupar com uma evolução na consciência das pessoas.
Essa semana foi para mim repleta de momentos de reflexão sobre nós mulheres. Comecei a semana com aquele curso teórico para obter minha carteira de motorista. E não é que para minha surpresa, ou melhor, espanto já comecei a aula ouvindo um tipo de gracinha? O professor entrou na sala e logo disse: hoje aprenderemos alguns conceitos básicos de mecânica. E continuou: as mulheres podem se retirar se quiserem porque já não devem estar entendendo nada.
Eu realmente não estava entendendo muita coisa da matéria, mas ao meu redor havia cinco garotos que confessaram estar “boiando” também. Eu me perguntei: e porque o professor não citou esses garotos?
A segunda piada me deixou ainda mais “intrigada”. “Meninas não precisam aprender a trocar pneus, é só colocar uma sainha curta e desfilar pela avenida”. Eu realmente me ausentei da sala por alguns minutos, mas engano seu se foi por não entender nada da aula, foi por não compreender as coisas que saíam da cabeça daquele professor.
Outra situação bem estranha foi a que me ocorreu dentro de um ônibus; não pretendo entrar em detalhes até porque o resumo já mostra onde quero chegar. Fui abordada por um homem dentro do ônibus a caminho da faculdade, qual foi a minha surpresa quando ninguém reagiu em minha defesa, nem homens, nem mulheres. Ora essa, será que isso é algo normal? Um homem abordar uma mulher sem a sua permissão dentro do ônibus, ou em qualquer outro lugar já virou algo implícito na sociedade? Agüentamos gracinhas quanto á nossa aparência, piadinhas de mau gosto, preconceitos e agora mais essa?
Vamos repensar Jean- Paul Sartre: "Quando repenso a minha vida, penso que as mulheres me trouxeram muito. Não teria atingido o ponto que atingi sem as mulheres”.
Finalizando, peço a todos, homens e mulheres que reflitam um pouco, pelo menos o mínimo, sobre essas situações citadas.