quarta-feira, 11 de abril de 2007

Necessidade de governos?


Discurso de Adolf Hitler para a juventude nazista (com legendas em português) exibido no mini-seminário de nosso grupo, o número 4 (aqui está na íntegra).

A escolha desse vídeo ocorreu, além da discussão sobre manipulação na comunicação do seminário, para a comparação do poder vigente, das ditaduras passadas e das medidas que um governante se vale.

Hitler foi famoso pelo Holocausto, a matança desenfreada de judeus para a "purificação da raça" na nação, na Segunda Guerra Mundial, um ato reprovável. No entanto, como o discurso explicita bem, uma das bases da confiança de seu povo eram as promessas de uma "Alemanha forte, destemida" frente à crise que assolou o país após o Tratado de Versalhes, que marcou sua depressão econômica do pós-I Guerra.

Um filósofo com quem podemos fazer uma relação para explicar esse fenômeno é o inglês Thomas Hobbes. Ele justificou, principalmente em sua obra de maior repercussão, "Leviatã", a necessidade de uma ordem superior para coordenar a sociedade. No livro, Leviatã é um monstro que se ergue quando não há relacionamento estável entre os indivíduos, "estado de sociedade", quando estão em "estado de natureza". Conceitos que acabam por integrar o Iluminismo, o racionalismo e o pensamento vindo de René Descartes, Hobbes autentica o poder autoritário que visa a igualdade entre seus patriotas. Não teria Hitler, combatendo a inflação descomunal na Alemanha com mortes em série, integrado os ensinamentos do inglês? O pensamento dualista, embora útil em muitos momentos quando o relativismo pecou por sua hesitação, atingiu seu ápice no regime nazista?


A criação de sistemas pela sociedade é um fenômeno comum na sociologia tanto clássica quanto a contemporânea. No entanto, tratar o governo como uma necessidade, um bem que nenhum de nós pode conceber não é renunciar aos nossos próprios direitos, independente de viver ou não num regime democrático? Divinizar a imagem do governante não favorece déspotas como na Revolução Francesa? (que elegeu outro tirano chamado Napoleão Bonaparte, um paradoxo na história francesa no ponto de vista das lutas populares)

Juntamente com o filósofo italiano Maquiável, Thomas Hobbes constitui a parte de pensadores iluministas e racionalistas que pensaram na autenticação do poder absoluto, das instituições funcionando em torno de um indivíduo físico. Quando o governo brasileiro tem seus casos de corrupção, mensalão e similares, isso não seria uma manifestação, não total porque os filósofos defendiam o bem social pelos líderes, desse desejo absolutista e, talvez, aproveitador no governo? Até onde, em qualquer lugar do mundo, rendemos nossas vontades ao governante, a uma ideologia dita "para o povo" e consolidada em alguns poucos? Não se trata de um questionamento sobre revolução ou não, mas sobre como se baseiam, talvez, algumas das maiores tiranias da humanidade.

4 comentários:

Tati disse...

tudo bem que hitler tava lutando por melhor qualidade de vida pro povo dele, mas podia ser mais gentil xDDD
e realmente, nunca tinha pensado por esse lado... nos submetemos aos lideres e fica assim... comparar a imposição de hitler, um governo lamentável (na visão do mundo, não a dele) com o fato de ficarmos calados frente à corrupção foi sinistro...

Anônimo disse...

Na realidade, eu acredito que qualquer hierarquia artificial humana seja errada.

O que nos difere de animais seria justamente o pensar, todavia este pensar não pensa... Pois o mesmo pensar que concebeu coisas maravilhosas como a aplicação da energia elétrica trouxe, também, um sentimento de culto à personalidade. Nós 'endeusamos' pessoas que são tão purulentas quanto nós (se não forem piores).

Nós elegemos um bando de candidatos que simplesmente votam instantaneamente em propostas de próprio aumento salarial e que fazem embargos a projetos que visam o real bem-estar social. Pessoas que ganham algo próximo de 34 salários mínimos (nominalmente, sem contar outras regalias) e que APROVAM UMA PROPOSTA DE NÃO TRABALHAR SEQUER ÀS SEGUNDAS-FEIRAS (nem sexta, diga-se de passagem).

O que nos difere dos nazistas de Hitler é que eles acreditavam no que acontecia, acreditavam no sonho da 'pureza étnica'. Nós, fronte a esta situação horrenda, fingimos que não é conosco. Não apoiamos, nem repudiamos o governo. Na realidade, brasileiro só vota por que é obrigatório.

E vivemos numa democracia...

Anônimo disse...

"Até onde, em qualquer lugar do mundo, rendemos nossas vontades ao governante, a uma ideologia dita "para o povo" e consolidada em alguns poucos? Não se trata de um questionamento sobre revolução ou não, mas sobre como se baseiam, talvez, algumas das maiores tiranias da humanidade."

Acho interessante o fato de pessoas no poder, seja em qualquer lugar do mundo, usarem o discurso de "isso ou aquilo são para vocês", é claro que isso é um grande absurdo, ninguém se doa unica e exclusivamente para os outros (Salvo algumas exceções). É tudo um jogo político, onde objetivos e privilégios devem ser alcançados. Essa história é para enganar um povo cada vez mais cego, de que os atuais governantes trabalham para nós. Não é o caso de uma revolução, é hora sim da sociedade acordar para ver o que realmente acontece nesse mundo de interesses.

Parabéns pelo texto, excelente!

Anônimo disse...

Aqui estou eu novamente, em agradável passeio filosófico pelo mundo das reflexões da equipe que está no comando deste blog. Abraço com carinho a todos(as), desejando-lhes sucesso curso afora. Força, e parabéns!
Dimas A. Kunsch