sexta-feira, 30 de março de 2007

Os "marginalizadores de negros" em Lévi-Strauss


"March 30, 2007, 12:50 pm
Jackson Slams Fox-C.B.C. Debate Deal
By Kate Phillips
The Rev. Jesse Jackson has been enlisted by a grassroots online group, Color of Change, to denounce the deal announced on Thursday between Fox News and the Congressional Black Caucus for two presidential debates later this year. "

New York Times. Tradução:
"Jackson ataca o acordo Fox-C.B.C (Congressional Black Caucus) de debate

O Reverendo Jesse Jackson foi listado por um grupo online de movimento político, Color of Change, ao denunciar o acordo anunciado na quinta-feira entre a notícia da Fox News e o Congressional Black Caucus para dois debates presidenciais no final deste ano."


O Congressional Black Caucus agrega representantes afro-americanos no congresso americano. A real causa da denuncia do reverendo Jackson é que, apesar de ser um acordo destinado aos debates presidenciais, a emissora escolhida foi a Fox, conhecida por seu forte preconceito contra negros.

Segue-se abaixo uma declaração de Jesse Jackson, nessa notícia, que eu traduzi:

"Eu estou decepcionado pela parceria do Congressional Black Caucus com a Fox, e incentivo-os fortemente a inverter essa decisão. Por que os candidatos presidenciais, ou uma organização que fosse supostamente advogar à favor dos afro-americanos, dariam um selo do legitimação a uma rede que marginalizou continuamente líderes negros e sua comunidade? A Fox moderando um debate presidencial com assuntos da importância para negros americanos está demonstrando literalmente a raposa guardando a presa - a Fox deve ser rejeitada."

Relacionando filosoficamente e antropologicamente essa notícia, temos a tese do filósofo belga e professor Claude Lévi-Strauss. Em seu texto "Raça e História" do livro "Antropologia Estrutural II", ele aborda a evolução das raças ou etnias humanas como fruto de um pensamento etnocêntrico durante toda sua história. Para Strauss, as diferenças existentes entre as culturas e as reações de aceitação ou repúdio são fruto do ponto de vista da civilização em questão. Comparando o convívio social mais com um "jogo", Lévi-Strauss revela que o conceito evolucionista na sociologia foi fruto de uma comparação equivocada com a obra do biólogo Charles Darwin em sua obra-prima da ciência, a "Evolução das Espécies".
As diferenças culturais, segundo ele, devem continuar existindo e mudando, mesmo com seus passados em massacres e guerras. Essa matéria do New York Times é a prova disso, através do pronunciamento do reverendo revelando um medo consistente e ativo entre os afro-americanos. Apesar desses estudos serem mais relacionados às aulas de antropologia do Professor Edemilson na Cásper Líbero, em especial sobre o modelo estruturalista, o texto não perde seu fundo filosófico. Strauss é influente no universo antropológico por seu pensamento organizado em explicar os fenômenos sociais decorrentes da interação humana e como nós temos um "ponto de vista muito particular" dentro de nosso contexto cultural, mesmo numa "Sociedade Mundial" como a de hoje. É formado em direito e filosofia pela Universidade de Sorbourne, França.

quinta-feira, 29 de março de 2007

O esterótipo do filósofo no futebol

"Monty Python ou The Pythons foram os criadores e intérpretes da série cômica Monty Python's Flying Circus, um programa de televisão britânico que foi ao ar pela primeira vez em 5 de outubro de 1969. Como série televisiva, consistiu de 45 episódios divididos em 4 temporadas. Entretanto o fênomeno Python não se limitou a apenas isso, espalhando-se por shows, filmes, programas de rádio e diversos jogos de computador e livros, além de lançar seus seis integrantes ao estrelato."

Sobre Monty Python, Wikipédia.

Este vídeo no começo da postagem foi retirado diretamente do programa Monty Python. É um "jogo de futebol" entre filósofos gregos e alemães.

De forma irônica e em passagens curtas de sua narração, o programa, nesse vídeo acima, ironiza também visualmente os esterótipos das figuras dos pensadores presentes na filosofia. Sócrates é mostrado como o grego a marcar o único gol da partida, concretizando a vitória dos gregos e fazendo um paralelo com o jogador brasileiro Sócrates. Nietzsche é penalizado por dizer ao juiz Cofúcio que ele "não tem livre-arbítrio", os alemães utilizam suas teorias pra contestar o gol sofrido no jogo, além de todos eles serem "homens pensantes andando no campo".

Essa postagem não tem o intuito de fazer um paralelo com uma filosofia ou com notícias atuais ou com vários filósofos, mas para demonstrar que iniciativas antigas como a do Monty Python, além de permitir risadas com seu humor inglês, nos abrem portas para ver figuras que integram na filosofia. As caricaturas, pra quem prestar atenção nas falas do vídeo, nos permitem ver mais piadas além do preconceito normalmente atribuído à figura do filósofo, do pensamento filosófico.

Script (as falas) do Vídeo: http://www.intriguing.com/mp/_scripts/german.asp

Primeira reunião para mini-seminário - amanhã

Amanhã, dia 29, haverá uma reunião de 1 hora (talvez mais tempo) após as aulas para decidirmos os principais pontos de apresentação do seminário, que englobará a segunda proposta (ver postagens nesse blog) e os filosófos envolvidos (Platão, Aristóteles ou Rousseau).
Muito bem abordada a primeira apresentação do Grupo 2 de Filosofia, responsáveis pelo Seminário do livro Utopia de Thomas Morus, eles exploraram o campo dos protestos ocorridos no cenário brasileiro e sua relação com a obra de Morus. O tema foi apresentado levantando questionamentos consecutivos e com duas músicas (Ideologia de Cazuza e Pra não dizer que falei de flores de Geraldo Vandré). Um ponto bastante explorado, que inclusive causou a falta de tempo para conclusão do trabalho, foi a enorme discussão em sala entre os alunos, relatando suas experiências e questionando, pela filosofia de Hobbes, se o protesto como é feito no Brasil é ou não eficiente, até onde ele é só imagem ou esconde um ideal.
Para nosso seminário, tentaremos aproveitar o clima propício da sala para discussões e esperamos que haja uma explicação satisfatória, criativa e irreverente por parte de nosso grupo.

Ato de doação: contrariamos Maquiavel?



Nascido em Florença (Itália) no dia 3 de maio de 1469, Nicolau Bernardo Maquiavel foi historiador, poeta, diplomata e músico do Renascimento. Muitos o reconhecem como o fundador da ciência política moderna porque foi o primeiro a escrever sobre o Estado e o governo como realmente são conhecidos.
Crítico ferrenho do governo da família Médici em sua cidade natal, Maquiavel não acreditava em uma política inspirada pelo amor.
Em uma de suas citações ele diz: “Pode –se dizer isto, em termos gerais, a propósito dos homens: eles são ingratos, inconstantes, fingidores e impostores, covardes e gananciosos; enquanto trabalhares para seu bem e o mal estiver longe, eles estarão a teu lado, e oferecerão o seu sangue, a sua propriedade; mas quando o mal chegar perto de ti, eles virar-te-ão as costas.” “...Parte do pressuposto de que todos os homens são maus e sempre dispostos a mostrar a sua natureza viciosa, sempre que a ocasião se lhes deparar.”
Respeitando o pensador que diz “em termos gerais”, na última terça –feira 27 de março de 2007 alguns alunos da faculdade Cásper Líbero e também funcionários da fundação mostraram que nada pode ser generalizado, que, por mais que seja difícil de encontrar, boas ações ainda existem, nem todos viram as costas.
Em campanha promovida pelo Centro de Hematologia de São Paulo, aproximadamente 100 pessoas doaram seu sangue em um ambiente montado na própria faculdade. O procedimento era simples e o doador só precisava ter entre 18 e 65 anos, pesar mais de 50 kg, não possuir DST’s e não ter tido doenças infecto-contagiosas nos últimos dias.
A doação em si durava de 5 a 10 minutos variando de acordo com os mL’s doados (calculados a partir do peso de cada um).
O sangue do voluntário é recolhido para armazenamento em um banco de sangue ou para uso subseqüente em uma transfusão de sangue.
Sempre que alguém precisa de uma transfusão para sobreviver só precisa contar com a solidariedade de outras pessoas já que a ciência ainda não encontrou nenhum substituto para o sangue humano. Doar é simples, rápido e seguro, mas, para quem recebe esse gesto vale a vida.
É normal que depois da doação a pessoa sinta-se fraca, por isso, é aconselhável comer o lanche, no caso dado pelo próprio centro, e permanecer sentada por 15 minutos. Mas mesmo quem passou mal após doar seu sangue garante ter valido a pena.
Aqui cito Maquiavel novamente, porém, nesse contexto é impossível discordar de: “Os fins justificam os meios.” A respeito do mal prefiro Mark Twain (pseudônimo de Samuel Langhorne Clemens) nascido na Flórida em 30 de novembro de 1835, que disse: “Todo homem é uma lua, com um lado escuro permanentemente escondido dos outros.” Temos em nós o mal, mas também somos capazes do bem.

(Para mais informações sobre como doar sangue favor acessar: www.chsp.org.br)

quarta-feira, 28 de março de 2007

É possível manter o emprego sem perder a dignidade?

Em jornalismo por vezes nos deparamos com veículos que deixam de publicar uma notícia por causa de conflitos de interesses. Recentemente fiquei sabendo que a revista Imprensa, house-organ da Fundação Cásper Líbero, não se interessou em desenvolver uma pauta sobre a unânime rejeição dos funcionários aos novos uniformes da Fundação. Se publicassem, seria um tiro no pé, como diz o professor Celso Unzelte.
Mas nem precisamos que pautas sejam rejeitadas. Só para citar um exemplo hipotético: imagine um repórter do jornal X que é incumbido de cobrir o caso de um político assassinado. Mas logo sai a notícia que o principal suspeito é o gerente e sócio majoritário da construtora da qual o político também era sócio. O repórter continua sua apuração e logo percebe que o gerente suspeito é irmão do dono do jornal X. E agora?
O repórter vai à redação e conta tudo o que viu ao seu editor. Abafamos o caso? E a ética? Essa notícia é importante, não pode deixar de sair. É, mas o que muitas vezes acontece é que enquanto nos outros jornais essa notícia sai em primeira página, no jornal X sai apenas uma pequena nota, sem desdobramentos. O repórter não concorda, logo tem duas opções: engolir ou se demitir.
Aristóteles (nascido em Estagira, na Macedônia, em 384 a. C.) além de seus estudos sobre física, psicologia, biologia, também estudou sobre ética. A ética e a política, para Aristóteles eram duas mãos de uma mesma rua. A ética era uma disposição individual para a felicidade da pólis, enquanto que a política era uma disposição coletiva de toda a pólis para a felicidade dos indivíduos. Nesse ponto, as duas devem existir ao mesmo tempo, porque, quanto mais éticos formos, mais ética será a política da nossa cidade, por suposto, mais incentivo aos indivíduos a serem mais éticos e assim por diante.
Para ele, a virtude de caráter é uma espécie de meio-termo. A verdadeira coragem está entre o temerário (excesso) e o covarde (falta). Posições radicais apenas causam conflitos e discussões descabidas.
“Estou falando da excelência moral, pois é esta que se relaciona com as emoções e ações, e nestas há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade, e, de um modo geral, prazer e sofrimento, demais ou muito pouco, e, em ambos os casos, isto não é bom: mas experimentar estes sentimentos no momento certo, em relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa, é o meio termo e o melhor, e isto é característico da excelência. Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. Ora, a excelência moral se relaciona com as emoções e as ações, nas quais o excesso é uma forma de erro, tanto quanto a falta, enquanto o meio termo é louvado como um acerto; ser louvado e estar certo são características da excelência moral. A excelência moral, portanto, é algo como eqüidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio termo. Ademais é possível errar de várias maneiras, ao passo que só é possível acertar de uma maneira (também por esta razão é fácil errar e difícil acertar – fácil errar o alvo, e difícil acertar nele); também é por isto que o excesso e a falta são características da deficiência moral, e o meio termo é uma característica da excelência moral, pois a bondade é uma só, mas a maldade é múltipla” (ARISTÓTELES, Ética a Nicômacos, p.42)
Precisaria então, o repórter do jornal X, se demitir para manter a dignidade? Na minha opinião, não precisa ser matéria de capa, mas ao mesmo tempo ela não é tão irrelevante para uma pequena nota. Não precisa agredir moralmente o irmão do dono do jornal, mas também não se pode encobrir a verdade sobre ele. O grande problema nesse caso é de o editor e o chefe do jornal não terem nem lido Aristóteles...

Pão e circo no mundo das sombras

“Pão e Circo” foi uma espécie de política aplicada na época do Império Romano e marcava a relação dos imperadores com a plebe marginalizada. Esse processo se constituía basicamente de uma distribuição gratuita de cereais e uma campanha de apresentações, financiada pelo governo, dos populares combates de gladiadores.
O que chega a ser pitoresco nessa situação é que para que a ação se mostrasse eficiente, no reinado de Cláudio, um quarto do ano inteiro era dedicado à essas realizações.
Por trás dessa medida estava uma obscura intenção do Império de acalmar os ânimos políticos da população e dos plebeus que outrora já haviam sido mais participativos nos destinos de Roma.
Será que a cultura brasileira de procurar feriados e aproveitá-los sem nem saber seu significado, não é uma continuação do que ocorria em Roma?
Bom, deixando a cultura de lado, existe um fato que hoje preocupa muito mais, afinal a cultura nacional nunca foi algo que incomodasse muitos brasileiros, trata-se da política do presidente Luís Inácio Lula da Silva.

Algo que infelizmente nos leva a perguntar: hoje será que não somos mais uma vez vítimas do “Pão e Circo”?

É de conhecimento de todos que um dos grandes triunfos políticos do presidente na sua reeleição foi o programa “Fome Zero”, um programa de distribuição de alimentos, o qual por sua realização em algumas regiões miseráveis do Nordeste que sofrem de falta de comida, água, assistência e principalmente vergonha na cara de seus políticos; garantiu preciosos votos para nosso presidente. Afinal, para quem vive de barriga vazia, alguém que traga um pouco de comida é logo a imagem de um "Messias".
A iniciativa do programa “Fome Zero” não é base para uma crítica, porém, como “de boas intenções o inferno está cheio” e como “onde há vento, há onda” é possível ver que o presidente se enforca em suas próprias intenções. Pode-se observar isso porque é no mínimo contraditório que um governo considerado de esquerda crie algo como a já chamada Tv Lula (Tv estatal proposta pelo governo) e que o ministro das comunicações, Hélio Costa diga em pronunciamento como este comentando a Tv estatal de Hugo Chavez no jornal Estado de São Paulo:

“Programa do Chaves que gosto mesmo é mais aquele do SBT.”

Bem, paradoxos deixados de lado, essa tal Tv Lula teria a função de divulgar as medidas e posições do governo, o que causou furor e discussão. Só se espera que mais este órgão do governo não sirva para deixar o cidadão ainda mais no escuro, que Platão chamou de "Mundo das Sombras" ou não seja algo que nos entretenha e iluda com sua demagogia, como num circo, mostrando o governo trabalhando arduamente e tendo no social sua meta. E por fim, é de se esperar que os rumos de nossa política e as relações dos governantes com o Brasileiro não sejam guiados por uma reedição barata do “Pão e Circo”.


Por Luca Contro

terça-feira, 27 de março de 2007

No buraco da caverna

Um dos acontecimentos mais discutidos nas últimas semanas foi a abertura de uma cratera na linha amarela do metrô de São Paulo. Muitos sequer chegaram perto da região mas, mesmo assim, estavam perplexos devido à grande (entendam tal adjetivo como desejarem) cobertura das chamadas “mídias de massa”. Pessoas estavam indignadas contra o desleixo da construtora para com a obra e, posteriormente, para com as vítimas do incidente. No mesmo período, corriam na Câmara dos Deputados as votações para a cadeira de presidente, hoje ocupada por Arlindo Chinaglia; o fato recebeu, em comparação ao primeiro, pouco enfoque da “grande” mídia.
Ora, grosso modo, a população se preocupou mais com um rombo no chão do que com o futuro político do país! Todavia, nada mais natural, posto que se abria ali uma nova morada. Recordemos a famosa Alegoria da Caverna de Platão, em que indivíduos acorrentados ao solo permaneciam na escuridão e enxergavam somente sombras do mundo real. Recordou? Pois bem, estamos na mesma situação. Vivemos num “buraco digital”, em que os aparelhos de comunicação fazem o papel das correntes e as imagens e fatos noticiosos imitam as sombras da realidade.
Como confiar, então, na mediação feita entre o que ocorre e o que é mostrado? Simples: desconfiando. Se até a objetividade das fotos deve ser contestada, o que dizer de um texto jornalístico? Por mais imparcial que seja, o artigo sempre carrega um determinado enfoque da realidade. Assim, o melhor a se fazer é sair da caverna de vez em quando para conferir o “perfeito” Mundo das Idéias.
O jornalismo é exatamente isso. Devemos ouvir os dois lados da história e desconfiar de ambos. Sendo um profissional da área, passamos a fazer parte do jogo não mais como meros espectadores, mas como aqueles que mediarão a notícia entre os dois mundos: o da luz e o das sombras. O ofício é árduo, porque mesmo se valendo da maior objetividade possível, haverá desconfiança entorno de seu trabalho. Por outro lado, isso é muito bom, pois saberemos que as pessoas, pouco a pouco, estão descobrindo um terceiro mundo: o da opinião. E quanto a você? Prefere qual mundo?

sábado, 24 de março de 2007

O "lado negro" dos males humanos

"Roger Waters, fundador, principal compositor, baixista e cantor de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, a lendária Pink Floyd, traz ao Brasil, em março, para apresentações no Rio de Janeiro e em S.Paulo, o show “The Dark Side of The Moon”, baseado na obra que é considerada a mais importante da banda e um dos marcos da história do rock mundial. A vinda ao país da turnê é mais uma realização da CIE Brasil (Companhia Interamericana de Entretenimento), que negociou a vinda de Roger Waters ao país por quase um ano.O espetáculo, que já foi apresentado na Europa e Estados Unidos, será visto pelos cariocas, na Praça da Apoteose, no dia 23 de março, e pelos paulistas, no Estádio do Morumbi, no dia 24 de março. Os ingressos estarão à venda a partir do dia 14 de fevereiro em diversos pontos de São Paulo e Rio de Janeiro, além de postos montados em Brasília e Curitiba, pela Internet ou pelo telefone (Central Ticketmaster)."

Rock Online, Terra, 2007.

"De início, precisamos ressaltar que este disco é considerado por muitos, simplesmente, como o melhor disco de rock progressivo de todos os tempos. Mais do que isso: é o melhor, o mais genial e o mais cerebral trabalho desta lenda chamada Pink Floyd. As vendagens astronômicas, com quase 30 milhões de cópias vendidas, o Guinnes Book, e a EMI (gravadora da banda, que como diz a lenda foi obrigada a construir fábricas especialmente para prensar este disco) só vêm a confirmar esta tese.
Não precisamos nem começar a o ouvir para termos noção da grandiosidade. Olhe para a capa: uma imagem única, umas das capas mais brilhantes da história. Mas o mais importante é que sintetiza todo o conceito do disco, que é sobre os “males” do homem moderno, a escuridão em que o mundo se encontrava e todos os problemas que afligem a humanidade. Isso em 1973. O incrível é que o disco soa bastante atual até os dias de hoje. Fora que data da época em que os egos não estavam inflados no grupo e todos conviviam em perfeita harmonia.
Há ainda a misteriosa coincidência de que, ao colocar este disco para rodar logo após o terceiro rugido do leão da Metro-Goldwyn-Mayer, no filme O Mágico de Oz, as letras encaixam-se perfeitamente nas imagens que estão passando na tela. O grupo jura até hoje que tudo foi apenas uma incrível coincidência e não tinham nenhuma intenção de fazer isso."


Primeira avaliação do álbum The Dark Side of the Moon da banda Pink Floyd no site Whiplash, por Maurício Gomes Angelo, 21/09/2003.

"Um grande espetáculo nos céus. Cores e luzes que olhos sóbrios não conseguem enxergar. Vozes que a audição ainda não aprendeu a ouvir. O lado escuro da lua, onde, até hoje, só a insanidade conseguiu alcançar. A voz desesperada que ecoa nos céus e que se faz ouvir sempre que o chamado da loucura nos abre os ouvidos. Uma viagem sem volta para um mundo onde moram todas as nossas angústias.
É dentro deste cenário psicótico-surreal que quatro rapazes ingleses, entre meados de 72 e 73, criaram a obra fundamental do rock, “dark side of the moon”. E numa projeção bastante otimista, dificilmente, nos próximos 150 anos, aparecerá algo comparável ao que Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason gravaram há três décadas."


Segunda avaliação do álbum The Dark Side of the Moon da banda Pink Floyd no site Whiplash, por Daniel Mendonça, 18/04/2003.


Prestigiado como é, a vinda de Roger Waters ao Brasil é espetacular e sua proposta de executar o concerto The Dark Side of the Moon nos leva, novamente, a refletir sobre tamanha influencia filosófica que a música exerce com seu ritmo, suas letras elaboradas e sua proposta inovadora para a época, inovadora como obra-prima.

Igualmente influente no século XX, nos trabalhos de Nietzsche e do escritor Albert Camus, mas não por sua música, o filosófo alemão pessimista Arthur Schopenhauer foi um forte crítico do pensamento filosófico racional de Immanuel Kant. Focando nos fenômenos, ele retirou a racionalidade e passou a caracterizar as vontades humanas como tentativas de apazigar as dores que a vida causa, que as frustrações causam. Schopenhauer inclusive caracterizou as artes como representações das vontades humanas frente aos males universais, que não conseguem superá-los, mas solucionam temporariamente. Sua visão de mundo era no Irracional e no Cego, nas Vontades e Projeções, visões fortemente exploradas na música de Pink Floyd, em muitas letras que Roger Waters compôs durante sua vida.


As mensagens, tanto do filósofo quanto da música, em especial, The Dark Side of the Moon, devem nos remeter à reflexões mais recentes: como a consciência humana está hoje? Mesmo com o advento da psicanalise de Sigmund Freud e as descobertas mais precisas da biologia, da neurologia, o século XX não deixou marcas de um pensamento humano ainda encoberto? Quando seremos esclarecidos, afinal?

sexta-feira, 23 de março de 2007

A "falha aristotélica" da guerra americana


"Câmara americana aprova retirada das tropas em 2008

A Câmara de Representantes (deputados) dos EUA aprovou nesta sexta-feira o projeto de lei que determina o prazo, até 1º de setembro de 2008, para a retirada das forças americanas do Iraque. Numa votação de 218 a favor e 212 contra, os democratas conseguiram incluir o prazo à legislação que autoriza o uso de US$ 124 bilhões em fundos de emergência, a maior parte destinada para as guerras do Iraque e do Afeganistão. A votação desta sexta-feira foi uma vitória significativa para a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e seus colegas democratas, que obtiveram o controle do Congresso nas eleições de novembro com a promessa de acabar com a Guerra do Iraque. "Faremos a diferença com este projeto. Vamos trazer as tropas para casa", disse John Murtha, da Pensilvânia. A Casa Branca alertou que Bush vetará o projeto."

Folha Online, 23 de março de 2007.

Operação militar executada desde 20 de março de 2003, o processo de ocupação de Iraque ocorreu pela acusação de seu antigo ditador, Saddam Hussein (recentemente executado pelo novo tribunal iraquiano, pena de enforcamento), de guardar armas químicas e atômicas de destruição, além de uma suposta ligação com o grupo terrorista Al-Qaeda. Nessa ofensiva, os Estados Unidos da América têm perdidos soldados e prestígio da ONU, que vetou desde o começo sua ofensiva.

Analisando filosoficamente esses fatos e a apelação da câmara em retirar seus soldados da guerra, temos o caso do pensador bastante influente na formação da sociedade ocidental: Aristóteles de Estagira, discípulo de Platão. Com um pensamento bem distinto de seu mestre, Aristóteles propôs uma divisão clara entre os ensinamentos humanos, tais como Lógica, Psicologia, Metafísica e Biologia (matéria que exerceu forte influencia por gosto adquirido pelo pai, que era médico), fundando, assim, uma escola filosófica distinta da Academia de Platão, o Liceu. No campo Político, a filosofia aristotélica deve muito às experiencias desse homem com o famoso estadista e monarca da Macedônia, Alexandre, o Grande. Convocado pelo pai do jovem principe, Filipe II da Macedônia, Aristóteles tornou-se professor daquele rapaz. Com seus ensinamentos e as futuras experiencias que aguardavam Alexandre, ele desenvolveu uma prática de dominação e influência por toda a civilização clássica conhecida como Cultura Helenística. Esse tipo de prática política permitiu uma associação, "absorção", da herança cultural dos dominados à influencia territorial macedônica, garantindo, assim, a Alexandre um imenso Império composto por toda a Pérsia, a Babilônia e a Grécia, entre outros. Da Ásia Central até o Mediterrâneo Oriental pertencia a Alexandre o Grande.

Diferente disso, a ocupação norte-americana exerce, atualmente, um forte fator esmagador no povo dominado. Não seria a falta desses ensinamentos aristotélicos bélicos entre os responsáveis pela operação que gera os temidos atentados terroristas entre civis e militares no Iraque? Não havia, em 2003, outras formas de resolver a questão das suspeitas que existiam acerca de Saddam Hussein?

quinta-feira, 22 de março de 2007

3ª sugestão para mini-seminário – A violência urbana

A violência urbana sem dúvida é um tema que já faz parte do repertório de qualquer brasileiro que se preze. É um assunto tão comum, que raramente ocupa as manchetes dos principais meios de comunicação, salvo nos casos extremos dos crimes hediondos mais inimagináveis.

Provavelmente, o caso que atualmente nos vêm em mente é o de João Hélio, o garoto de seis anos que foi arrastado por sete quilômetros, preso ao cinto de segurança do carro de sua mãe, após um assalto no dia 7 de fevereiro de 2007. O caso ganhou repercussão em massa na mídia pelo inconformismo da população brasileira.

Roubos de carros são acontecimentos comuns no Brasil, em 2005, por exemplo, era um veículo a cada 90 segundos. Porém, dessas centenas de milhares de furtos anuais, nenhum de que se tem notícia causou a morte de uma criança inocente por arrastamento. Teria sido o caso João Hélio uma fatalidade? Poderia ter sido evitado se simplesmente os bandidos parassem o carro?

Thomas Hobbes, em sua linha de pensamento racionalista, afirmava que, “quem não age segundo sua verdadeira natureza não tem nenhuma moral, sendo o altruísmo uma ilusão”. Ora, sem entrar nas questões psicológicas que poderiam explicar o motivo dos marginais não atenderem ao apelo dos pedestres e motoristas que viam o menino sendo arrastado, e pediam para parar o carro, não havia a menor preocupação com a vida alheia, em detrimento das dos próprios meliantes, e a possibilidade do roubo ser frustrado.

A situação social em que estamos hoje é basicamente o racionalismo de Hobbes levado ao extremo. O valor da vida humana é nulo, em comparação de bens muito maiores que são o dinheiro e o poder. Todos sabemos que isso é lugar-comum, nós temos completa noção do nível em que a violência urbana está, pois somos vítimas diretas dela.

Descobrir as causas e tentar encontrar as soluções de tudo isso são tarefas extremamente importantes, porém não fazem parte da abordagem filosófica que procuramos. Hobbes afirma que os homens são naturalmente egoístas, e procuram essencialmente melhorar suas vidas, mesmo que isso signifique fazer coisas horríveis a outras pessoas. Para ele, a única maneira de se evitar que a sociedade caia em uma “anarquia maligna”, é confiando em um leviatã, um tipo imaginário de déspota que por medo ou força nos levasse a vidas civilizadas.

Esse é um tema que origina muitas discussões, especialmente devido ao nosso passado político e social. Quem nunca ouviu pessoas dizerem que a volta da ditadura é a solução? Até que ponto a sociedade abriria mão de suas liberdades individuais por um bem maior? O racionalismo de Hobbes é atual, ou hoje a miséria humana atingiu a níveis ainda mais inimagináveis?

2ª sugestão para mini-seminário - A proposta de emissora estatal no Brasil

"Mesmo já dispondo da Radiobrás, da TV Nacional de Brasília (NBR), de outras TVs públicas e da retransmissão obrigatória do programa Voz do Brasil por mais de 3 mil emissoras de rádio, o governo Lula ainda quer mais. E pode levar avante o projeto de criação da chamada Rede Nacional de Televisão Pública, concebida pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa.

Além de inoportuna, a proposta é desnecessária e lesiva aos cofres públicos, pois deverá custar, no mínimo, R$ 250 milhões (ou seja, mais de US$ 100 milhões), sem incluir aí os custos operacionais."

Notícia publicada no jornal Estado de São Paulo em 18 de março de 2007, a proposta de criação do canal que defende os interesses do Poder Executivo brasileiro causa controvérsias. Entre discussões nas ruas, há brasileiros que sequer sabem a diferença entre as emissoras privadas e as de poder público. A diferenciação não é bem delimitada por pura falta de informações. Não há, por exemplo, muita difusão da programação da Televisão Cultura entre os telespectadores, que é órgão público desde 1969.

Autor de obras gregas célebres na filosofia, como Diálogos, Platão de Atenas defendeu uma forte postura filosófica para a política. Discípulo de Sócrates e fundador da escola chamada Academia, defendeu o questionamento sobre as sensações humanas, que podem induzir erros. Através de um "Mundo Ideal" ou "Mundo das Idéias" disse que nossa visão física pode ver apenas representações das coisas, que sua natureza real estaria nesse outro mundo. Criou assim o princípio do pensamento dialético, princípios de pensamentos religiosos e, com seu livro A República, defendeu um modelo de Estado onde seu pensamento filosófico e jurídico estaria presente na figura do Rei ou soberano, um real pensador.

E nessa obra que concentra todas
suas considerações políticas está a passagem do "Mito" da Caverna (a denominação correta é Alegoria da Caverna, já que foi baseada em acontecimentos gregos).

Nesses escritos, Platão narra que quatro homens nasceram e foram acorrentados em uma caverna escura, mas com uma entrada de luz de sua saída que, com seus corpos e os objetos externos, projetava sombras. Esses seres humanos passaram a crer que tais figuras eram a realidade das coisas, ignorando o mundo real que se encontrava logo atrás deles. Certo dia, um dos homens se liberta das correntes e sai de seu cárcere. Ao testemunhar o mundo externo, com toda sua luz e elementos, ele fica em estado de choque. Após certo tempo, ele retorna à caverna para informar os outros da realidade das coisas e
é mal-recebido. Muitos dizem que os outros três o eliminaram.

Através dessa história filosófica elaborada desde a Grécia Antiga, devemos sempre nos questionar dessa maneira quando surgem propostas como essa no Ministério Público. Proponho, juntamente com meu grupo, questionar em sala até onde a proposta de Emissora Pública é manipuladora, até onde é benéfica para o Executivo brasileiro. Devemos permitir que haja uma dívida financeira dessa dimensão para um veículo que vá nos manipular?

sexta-feira, 16 de março de 2007

1ª sugestão para mini-seminário - O vestibular

Postagem para elaboração de um seminário filosófico em sala.

Tema da página 9 da edição #38 do jornal-laboratório da Cásper Líbero, o Esquinas de S.P, as pedagogias alternativas, como o ensino Humanista-Construtivista ou o Waldorf, causaram impacto pela sua nova metodologia, em contraste aos ensinos normalmente adotados pelas escolas tradicionais.

O pensamento de Edgar Morin em suas obras nos proporciona a possibilidade de refletir sobre uma questão bastante presente no cotidiano - a educação em nosso país. Um dilema no período final do Ensino Médio e a corrida contra a concorrência paranóica no Vestibular, com aulas voltadas totalmente ao exame sem possibilidade de ensinos alternativos, onde possam desenvolver seus próprios talentos.

O autor defende nos livros a idéia de uma "cabeça bem feita" (título e abordagem de um de seus livros, A Cabeça Bem-Feita), que é fundamentada em alguns conceitos e bem capacitada neles, superior a uma "cabeça bem cheia", que representa os diversos conceitos apenas "decorados". Muitos educadores e sociólogos não concordam com esse processo que visa alternativas contra as escolas tradicionais de mercado, que acabam por serem profissionalizantes em seu objetivo.

Será que oferecer um curso não tão tradicional, mas que ensine cidadania, interesse pelo conhecimento e que revele dons do estudante não trazem resultado? Será que oferecer somente o estudo direcionado apenas à Faculdade me qualifica realmente como um profissional de peso, que fará a diferença no Mercado de Trabalho?

Por fim, abre-se ainda um segundo ponto de discussão: será que o vestibular permite conhecimento real?

A discussão está aberta!
Idéia original do Post por Luca Contro.

terça-feira, 13 de março de 2007

Edgar "Morin" Nahoum



Sociólogo, filósofo e escritor francês da complexidade, Edgar Morin (O sobrenome real é Nahoum, mas ele usava o pseudônimo para não ser morto pela Guestapo alemã durante a Segunda Guerra Mundial, sendo ele da Resistência Francesa. Acabou por adotar Morin) é um homem influente no século XXI, tendo desenvolvido teorias desde o período passado. Autor de diversas obras como Os setes saberes para a Educação do Futuro e A cabeça bem-feita, ele propõe um ensino voltado para a transdisciplinaridades, isto é, uma interação entre todas as ciências para que as disciplinas não fiquem isoladas e para que possam ter uma melhor aplicação na ética humana.
Capa da edição 111 da revista CULT em março de 2007 (vide foto), ele concede uma entrevista contando seus pontos críticos sobre inúmeros acontecimentos contemporâneos, como a crise Palestina no Oriente Médio até o Aquecimento Global, e experiencias pessoais vividas em toda sua trajetória política e literária, como o perigo de ter sido um judeu francês em pleno nazismo.
Com essa pequena introdução em uma matéria jornalística, nós, do 1º ano de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, do grupo de filosofia D da turma B, iniciamos aqui nosso blog com relatos jornalísticos e seu paralelo com a filosofia. Desejamos que os leitores possam aproveitar a diversidade de colaboradores e suas postagens, garantindo assim uma variedade de pontos de vista e mais comentários a se fazer. Desde já, agradeço pela atenção de você que nos visita.
Observação: Morin é objeto de estudo do nosso grupo. Apesar de abordarmos diferentes filósofos e teorias, nossa preferência de cobertura de notícias são à respeito desse filósofo.