terça-feira, 24 de julho de 2007

Cansar: causar fadiga a, importunar, aborrecer

Sabe quando cansa?
Pois é...
Eu cansei!
Tu cansaste?
Ele cansou?
NÓS CANSAMOS!
E não é de hoje não...
Cansamos de nos preocupar, mesmo que momentaneamente.
Cansamos de sofrer com as conseqüências de situações inimagináveis.
Cansamos de a cada dia nos depararmos com certas atitudes e pessoas que remetem às perguntas: afinal, o que é o mundo? Qual é a minha função aqui?
E como se já não fosse o bastante nos decifrarmos ainda somos postos a pensar sobre os outros! Cansamos da famosa Lei de Murphy, e quer saber? Coitado desse Murphy! Como é que daria certo se existiam mil possibilidades de dar errado, contra uma de dar certo?
Ah, sim! Somos brasileiros e acreditamos sempre, não desistimos nunca!
A esperança é a última que morre. E enquanto ela sobrevive, morre a paz, o perdão, a alegria, o amor...Morremos nós!
Sem falar na justiça que morreu há tanto tempo que já nem lembramos o que era...
Damos nossas vidas pela sobrevivência da esperança!
São crises e mais crises, e se me perguntar da aérea: relaxe e goze! Assim mesmo, no imperativo!
Até porque pimenta nos olhos dos outros é refresco!
Cansamos de confundir sentimentos com estados emocionais, e cansamos ainda mais dos que nem são naturais, dos vendidos a nós...
Cansamos da tripudiação em cima da dor alheia, seja por prazer, por marketing ou pura falta de respeito.
“Na mudança de postura a gente fica mais seguro, na mudança do presente a gente molda o futuro”.
Vamos mudar, inverter!
Quem não compreende uma longa explicação, tampouco compreenderá um olhar...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

"Dê-me força, mantenha o controle"


"Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake

Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Give me love give us a kiss
Tell me your own politic

And open up your eyes
Open up your eyes
Open up your eyes
Open up your eyes

Give me one, 'cause one is best
In confusion, confidence
Give me peace of mind and trust
Don't forget the rest of us
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Wounds that heal and cracks that fix
Tell me your own politic

And open up your eyes
Open up your eyes
Open up your eyes
Open up your eyes
Just open up your eyes"

Politik, música da banda Coldplay.

Tradução da letra:

"Dê-me tempo e dê-me espaço
Dê-me algo real, não me venha com falsificações

Dê-me força, mantenha o controle
Dê-me coração e dê-me alma
Dê-me tempo, dê-nos um beijo
Conte-me sobre sua própria política
E abra seus olhos
Abra seus olhos
Abra seus olhos
Abra seus olhos

Dê-me um, porque um é melhor
Numa confusão, confidência
Dê-me paz de espírito e confiança
Não esqueça o resto de nós

Dê-me força, mantenha o controle
Dê-me coração e dê-me alma
Feridas que cicatrizam e quebras que podem ser consertadas
Conte-me sobre sua própria política

E abra seus olhos
Abra seus olhos
Abra seus olhos
Abra seus olhos
Apenas abra seus olhos"

Essa música diz tudo o que o Brasil não pode oferecer. E, sim, o povo tem razão em estar indignado com o acidente ocorrido no aeroporto de Congonhas, no dia 17 desse mês. Muda alguma coisa estarem assim? Não muda. Mas não é de graça. Nem de longe.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Um estímulo para quem pretende fazer pesquisa

O texto abaixo é longo, embora eu o tenha diminuído significativamente.

Espero que exclareça muitos pontos pra quem se interessa no assunto, além de carregar uma filosofia de vida bem particular.

Entrevista com José Eugênio Menezes
Coordenador do CIP
(Centro Interdisciplinar de Pesquisa)
Professor de Teoria da Comunicação
Faculdade Cásper Líbero

Esse trabalho foi feito no dia 29 de maio de 2007. O 5º Fórum de Pesquisa, que agregou alunos e professores para exibição de suas pesquisas, foi realizado nos dias 25 e 26.

Pedro: Houve algum trabalho, seja de professor ou aluno, que foi adiado ou não foi concluído até a realização do 5º Fórum na última semana por falta de estrutura ou preparação?
Eugênio: Não, todos os trabalhos feitos em 2006 foram apresentados nesse 5º Fórum de Pesquisa.

Todos os trabalhos possuem um ano de duração?
Os trabalhos dos professores têm dois anos. Os dos alunos, um ano de duração.

Desde quando é realizado esse Fórum de Pesquisa? Tem uma história por trás disso?
Sim, há uma história. Estamos no 5º ano de Fórum, o que significa que o CIP tem sete anos. Logo após a finalização dos primeiros trabalhos de pesquisa realizados por professores nos dois primeiros anos, os resultados foram apresentados no 1º Fórum de Pesquisa. Pelas minhas contas, ele foi do ano de 2002.

Como foi seu primeiro contato com o CIP?
Bom, eu vou contar minha história, então (risos). Estava começando minha tese de doutorado pela ECA-USP e, na época, eu trabalhava em três instituições de ensino. Então eu percebi que precisava me concentrar no doutorado, o que exigia que eu reduzisse meu trabalho. Por uma coincidência e surpresa enormes, a Faculdade Cásper Líbero comunicou que iria incentivar as pesquisas dos professores. Isso significava que eu poderia apresentar um determinado tema, num período de dois anos, para ser útil à instituição e à pessoa. Surpreso, deixei, então, de trabalhar nas outras instituições e me dediquei como professor apenas na Cásper Líbero, tendo a remuneração para fazer pesquisa cobrindo o que eu receberia numa outra instituição.

Por que fazer pesquisa, professor?
Por que o professor deve fazer pesquisa? Porque ele vai ter uma determinada área para desenvolver, fazer uma pergunta, investigar e, ao mesmo tempo, permanecer mais próximo ao aluno, não se afastando da Cásper Líbero para dar aula em outro lugar, ou fazer várias atividades ao mesmo tempo. Isso pra mim foi muito bom, porque desenvolvi a pesquisa do CIP com a pesquisa do meu doutorado. Fui bem-sucedido na tese do doutorado porque eu reduzi meu tempo de trabalho extra em aula. Equilibrei, aqui na Cásper, tempo de sala de aula e de pesquisa, sendo importante para mim.

Quando o senhor começou a trabalhar, de fato, no CIP?
Comecei a trabalhar quando o CIP era coordenado pelo professor Laan Mendes de Barros. Ele pediu ajuda e eu, junto com a pesquisa, voluntariamente aceitei. Eu me interessava em apoiar, em ajudar no processo de seleção, participando das entrevistas, colocando a mesa. Era simplesmente dizer: essas são as pessoas, essas são as notas, isso funciona dessa maneira, as vagas são tantas e o número de notas foi esse, a parte “tática” do processo. Fui aprendendo com essas atividades.

Como o senhor enxerga o CIP? Como se tornou o coordenador?
Acho que ele é um dos itens para o futuro da faculdade. É a possibilidade do professor e do jovem de fazer pesquisa. Defino o CIP como uma “semente” de algo que vai acontecer, muito maior. Não me passou pela cabeça a função de coordenar aqui quando o professor Laan coordenava. Ele foi convidado a assumir o curso de mestrado no fim de sua gestão, passando a ser credenciado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior). Então, no dia 28 de junho de 2005, eu fui convidado a dar resposta dia 30 se eu ia ser coordenador de pesquisa. Continuou sendo uma surpresa grande e eu já fazia um terço do trabalho na iniciação científica, sendo os outros dois terços as teses dos professores e a edição da revista Communicare, de pesquisa. Então pensei: bom, se já fiz parte do que queria, o que não sei ainda posso aprender. A direção e a coordenadoria apoiaram e iniciaram um mandato de dois anos, que deve terminar agora, dia 1º de agosto de 2007. Posso ser nomeado por mais dois anos ou não. Há vários cargos na faculdade que são eleitos como as coordenadorias, mas há outros dois indicados pela própria direção. Esses três são as Coordenações do Vestibular e a de Pesquisa, que não está voltada para o curso A, B, C ou D, mas que perpassam pelos cinco cursos da faculdade.

O que o senhor imagina para o futuro do CIP?
Eu sonho que, ao invés de 24 professores, tenhamos pelo menos metade dos docentes, ou um terço, o que é bem superior a esse número. Ao invés de 15 vagas, tenhamos pelo menos um aluno de cada sala de cada curso trabalhando com pesquisa, já que ele pensou numa temática, elaborou uma pergunta significativa e está investigando, correndo atrás. Quando você está aqui organizando processos seletivos de aluno, professores, a edição da revista Communicare, acompanhamento da pesquisa científica sendo iniciada até sua apresentação, ela supõe um denso contato até final, do orientador e aluno. É um trabalho razoável. Quando você está participando de lançar a semente, plantar, você não tem nem idéia do que você vai ver quando colhe. Sonho que os trabalhos possam ser feitos em equipe e será uma referencia para a sociedade. Creio que, aos poucos, cheguemos lá.


Qual a sua opinião sobre o 5º Fórum de Pesquisa?
No primeiro dia de abertura do Fórum, quando os alunos falaram e quando o professor Dimas terminou, eu me senti, evidentemente, satisfeito. Eu vi que as pessoas souberam unir, realmente, o saber com o sabor. Parecia que aquilo tinha um sentido e um significado para a vida deles e que eu, modestamente, participei daquilo, ou pelo menos eu não tentei atrapalhar (risos). Deu-me muito prazer de ver esse movimento funcionando, apesar dele ainda ser bastante pequeno.

Fora que é um estimulo ao estudo, constantemente, não? (Vê ele acenando afirmativamente com a cabeça). Então, outra pergunta. Todos os trabalhos promovidos pelo CIP estão disponíveis para consulta?
Grande parte pode ser consultada na biblioteca. O problema é que, no início do CIP, algum trabalho pode ter se perdido devido à falta do controle da instituição, sem uma estrutura documental de empréstimo e devolução como a biblioteca. Como o CIP era um espaço menor e cada monitor trabalha num determinado horário, algum trabalho pode ter sido perdido. Trabalhos de professores que já não estão mais na casa, principalmente, porque alguém veio consultar o material, pegou e não o trouxe de volta. Eu não saberia precisar a porcentagem, mas nem todos estão disponíveis. Os dois últimos anos estão disponíveis na biblioteca, com maior certeza. Caso não esteja lá, o autor pode ter retirado para revisar algum ponto, mas estará sendo encaminhado em breve.

A participação de estudantes sempre foi um objetivo desse órgão? O CIP foi a única experiência de pesquisa na faculdade?
Sempre foi um objetivo. Quando o professor Erasmo começou a mobilizar a pesquisa com dois professores, houve um debate entre o professor Sérgio Amadeu e a professora Tereza Vitali, atual diretora e ex-coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda. Debateram sobre a participação de alunos para sua iniciação equanto Sérgio estava pesquisando sobre as prefeituras usando a internet no governo, precisando de uma equipe para essa tarefa. Ele decidiu aceitar a proposta da professora Tereza e o professor Erasmo possibilitou uma percentagem de bolsa na mensalidade, permitindo um início ao CIP de fato. Mas houve outras experiências aqui. Na década de 1960, houve um centro de pesquisa que até editou um livro, mas eu ainda não consegui recuperar a memória desse órgão esquecido. O professor Carlos Costa está fazendo doutorado, embora ele não esteja nesse momento no CIP, pois é responsável pela Coordenadoria de Jornalismo. Um professor, fazendo uma tese de mestrado ou doutorado, acaba sendo um pesquisador. Outro exemplo mais claro é o do professor Erivam, que desenvolveu uma tese de mestrado e, após sua conclusão, resolveu dedicar seu tempo para o CIP, apresentando uma pesquisa após ter aprendido com a pós-graduação. Na verdade, a pesquisa e o ensino não são duas disciplinas que se separam muito. Não existe forma “totalmente prática” e nem uma fundamentação só na teoria. Se você falar de diagramação de jornal, há uma teoria por trás dessa prática, uma antropologia, uma sociologia. Não tem como debater sobre sociologia sem dar conceitos concretos da música, da arte, do cinema. Essa separação é bastante intrincada. Ser professor é ser pesquisador. Raramente alguém que oferece aquela disciplina todo ano, passo a passo, não está aprofundando sobre esse assunto. É isso que dá prazer na profissão. Como no banquete de Platão, há o toque entre as pessoas, a troca de idéias. A idéia principal não é criar separação no que está junto. É interessante que, numa determinada reunião, esteja um aluno falando de imagem na publicidade e um professor de jornalismo, pois os dois conversam. Os dois tem características bem distintas, mas quando contribuem para o processo comunicativo, para a comunicação, para antropologia, para o conhecimento do mundo. Estão em diálogo. Não uso divisões de jornalismo para avaliar um anúncio, assim como não vou usar as interpretações de imagem publicitária num jornal. São campos diferentes, mas a troca de conhecimento enriquece os dois lados, tanto que um palestrante pode dizer “eu preciso usar imagens” e outro “eu prefiro não usar imagens”. O Guilherme Pichionelli no 5º Fórum, por exemplo, usou uma outra abordagem, mesmo falando das mesmas coisas, de pontos de vistas diferentes, com olhares diferentes. O CIP é um lugar diferenciado, onde a oportunidade das pessoas observarem que nosso trabalho de comunicação é particulariamente interdisciplinar. O pesquisador busca todos os conceitos e investiga, especificamente, a edição de texto, a edição da revista, a montagem da revista ou um evento, por exemplo. Podemos usar conhecimentos diferentes para investigar um mesmo ponto, mas eles estão sempre em constante diálogo.

Para encerrar, o CIP participa ou promove outros eventos?
Participa. Os professores, ao concluírem suas pesquisas, são convidados a escrever artigos na Communicare ou em outros periódicos. Os alunos, para uma revista chamada Iniciacom, revista eletrônica do evento Intercom. Um trabalho muito bem trabalhado pode ser enviado como texto para esse periódico. Tanto alunos quanto professores, são incentivados a apresentar suas pesquisas no Congresso Nacional de Comunicação, ocorrido geralmente na semana da independência do Brasil, chamado Intercom. Esse ano ele será realizado em Santos. Professores e alunos que manifestarem interesse podem apresentar seus trabalhos lá, nos dias 29 de agosto até 1º de setembro. Todos têm até 31 de maio para se inscreverem e apresentarem trabalhos. Eu mesmo pretendo mandar um texto que faz parte da minha pesquisa pessoal para o site deles. Esse texto pode ser aprovado ou não. Estou despendendo tempo e trabalho nisso. Caso dê certo, vai ser bom pra mim, pro meu currículo e para a Cásper Líbero, que estará representada no meu crachá, enquanto eu estiver me apresentando. Isso é importante. Há uma troca bastante recíproca nisso.

domingo, 15 de julho de 2007

Mobilização política no "pão e circo"?

"O clima morno durou apenas meia hora. Vaias às delegações de Argentina, Bolívia e Estados Unidos esquentaram a aprazível tarde de inverno no Rio. No aplauso de pé aos atletas cubanos, ficou evidente um tom ideologizado nas reações. Mas a arquibancada mostrou que não é permeável a alianças políticas: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, grande amigo do governo de Havana, foi o campeão de vaias da noite. Nas quatro vezes em que seu nome foi amplificado pelos microfones, os apupos ecoaram. Para evitar uma rejeição histórica, não coube a ele declarar abertos os Jogos Pan-Americanos. Instruído por assessores de Lula, o presidente do Comitê Organizador dos Jogos, Carlos Arthur Nuzman, quebrou o protocolo e tomou a honra para si. Lula saiu sem proferir o esperado "boa sorte, Brasil" e sem comentar a atitude. O prefeito do Rio, Cesar Maia (DEM-RJ), disse que “houve uma confusão": - A assessoria do presidente se precipitou e procurou o presidente do COB pedindo para o senhor presidente não fazer a declaração."

Fonte: Globo Esporte
http://pan2007.globo.com/PAN/Noticias/0,,MUL69550-3853,00.html

Pouca gente prestou atenção nisso na cerimônia de abertura, dia 13/07. Mas, enfim, política também se expressa em período de Pan-americanos. O povo não mostrou ignorante mesmo durante jogos que foram feitos para agradá-los, promovidos pelo governo. O mesmo governo das corrupções (...).

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Samba ou tango? Para a FIFA, só se for os dois juntos.

Prepare seu coração verde e amarelo. Reúna a sua família, os vizinhos, o cunhado, as primas, o cachorro e o papagaio.
Neste domingo o Brasil disputa a final da Copa América contra seu rival de berço, a Argentina.

Não discutirei o torneio em si, quem vai ganhar ou perder (até porque essa uma pergunta existencial que vai ficar sem resposta durante toda a eternidade) nem a escalação, nem a estratégia, nem mesmo o guarda-roupa do Dunga. Hoje, durante a semifinal México e Argentina, o narrador e o comentarista passaram vários minutos divagando sobre qual adversário que a opinião pública preferia para jogar contra o Brasil no domingo. Eu considerei a pergunta um tanto óbvia e rasa.

A pergunta não é um simples: você acha o quê? E sim, um: Quem acha o quê?

Podemos dividir a população desses dois pacatos países em dois grupos: Aqueles que não querem ver o outro de jeito nenhum por medo de uma humilhante derrota (isso lembra a Guerra Fria) e a corajosa turminha do "que o circo pegue fogo".

Só que ninguém quer ver esse circo pegar fogo mais do que a própria FIFA (no caso da Copa América, Conmebol, que é a versão sulamericana da FIFA), que desde que existe a Copa do Mundo mexe os seus pauzinhos (ou melhor, suas chaves) de maneira que os vizinhos fiquem o mais distante possível. Basta observar. Se Brasil sempre sai como cabeça-de-chave nos grupos A, B, C ou D, a Argentina com certeza sai na cabeça do E, F, G ou H, ou vice-versa, sempre em letras alternadas, de forma que mesmo que um saia em segundo lugar de seu grupo e o outro em primeiro, só poderão se encontrar na final, no mínimo semifinal. Na Copa América não foi diferente.

Você pode torturá-los (o pessoal da FIFA, não os argentinos, calma) que eles nunca vão admitir isso. Eles gostam!!! Adoram! Até porque a FIFA é a que mais lucra com a rivalidade desses latinos que amam o futebol como donzelas apaixonadas. Mas tudo tem seu preço, quanta violência e ofensa já não foi distribuída por aí para cada plim que FIFA ouve em sua caixa registradora? Bom, com ou sem plim a ignorância tem muitas cabeças pastando nesses verdes campos e nas lotadas arquibancadas.

Uma boa notícia é que nos últimos anos as duas torcidas se toleram mais, a violência diminuiu. Diz minha tia que já houve torneios que se um participasse o outro não poderia participar também, porque sempre dava em morte no meio da torcida. Se isso aconteceu mesmo no passado, então realmente os tempos mudaram. Mas a emoção ainda é a mesma.

De que adianta ser o melhor do mundo, sem ter alguém doidinho pra te tirar de lá? É que nem mocinho sem vilão. Vários neurologistas afirmam que o cérebro humano precisa se sentir ameaçado às vezes. Faz parte da natureza.

Admita vai. Você também gosta de um pouco de emoção.
Não teria tanta graça se eles não fossem assim tão tinhosos.
Eu sei. Eu também sou brasileira.

Que vença quem jogar melhor.

P.S.: Ei, Dunga, rosa não é cor da bandeira.

domingo, 8 de julho de 2007

O quarto saber: a reportagem como contato humano

"O que agrava a dificuldade de conhecer nosso mundo é o modo de pensar que atrofiou em nós, em vez de desenvolver, a aptidão de contextualizar e de globalizar, uma vez que as exigencias da era planetária é pensar sua totalidade, sua relação todo-partes."

De Edgar Morin, sobre o quarto saber, Ensinar a Identidade Humana.

"A revista Brasileiros, projeto dos jornalistas Hélio Campos Mello, Nirlando Beirão e Ricardo Kotscho, chegou às bancas no dia 4 de julho. A publicação quer seguir o modelo da Realidade, marco da imprensa do país que circulou entre 1966 e 1976."

Fonte: http://www.facasper.com.br/jo/notas.php?id_nota=414

Comprei um exemplar dela. A diagramação teve um trabalho exemplar, com um design muito agradável em comparação à inúmeras publicações da Abril, ou outras editoras de renome. É interessante que o periódico não assume, ou pretende não assumir, nenhum lado de disputa política em suas matérias, pelo menos por enquanto, buscando prioridade em reportagens. É uma boa opção de revista, além da irreverente revista Piauí, de João Moreira Salles, um outro lançamento de 2006.

Entretanto, alerto desde já que os textos da revista Brasileiros são enormes, com muitos relatos seguidos com necessidade de tempo pra leitura. Tem 130 páginas. Embora o volume de texto não seja atraente, o fato de trazer como prioridade as reportagens a torna um orgão que retrata com mais fidelidade o ser humano, como propõe Morin em seu saber.

Temos, como exemplos dessa "identidade humana", citações da reportagem de capa O preconceito sai do armário: "Não gosto de nordestino. Porque vem para o sul sem estrutura. Chega aqui com cinco filhos, fora os cinco que deixou lá. Depois traz os de lá e faz mais cinco aqui. E o Estado é obrigado a dar transporte, educação, saúde", disse um funcionário público negro de 37 anos, chamado Mário, à revista.

A citação, além de abranger com mais integridade o assunto, cobre qualquer interpretação feita pelo jornalista ou articulista. O trabalho jornalístico, tanto como meta da revista como o visto em suas matérias, consiste em organizar as declarações, fazer as perguntas certas com pessoas de diversas opiniões, buscando na raiz da entrevista a "evolução" para o jornalismo. Como diz o cineasta Hector Babenco, em carta sobre a "edição 0" da revista Brasileiros, "é sempre um motivo de orgulho ver um profissional da sua estirpe se reinventar. É isso que mantém o homem vivo, a vontade de não parar de crescer".

Faço uso de um epígrafe que Morin citou em seu livro, sem intrometer, despreparado, qualquer julgamento meu:

"Apenas o sábio mantém o todo constantemente na mente, jamais esquece o mundo, pensa e age em relação ao cosmo."

De Groethuysen.

"A unidade, a mestiçagem e a diversidade devem-se desenvolver contra a homogenização e o fechamento."

Esta citação é, novamente, de Edgar Morin, para concluir essa postagem.


sexta-feira, 6 de julho de 2007

Qu’est que c’est Ratatouille?


Bem, para aqueles que entendem de culinária, ratatouille é um refogado de berinjelas, abobrinhas, tomates e cebolas em azeite de oliva, típico da região de Provença. Mas para os demais, que talvez nem tenham provado esta iguaria, Ratatouille (pronuncia-se ratatuí), o novo filme da Pixar/Disney, dirigido por Brad Bird (de Os Incríveis), dá mesmo água na boca.

O que acompanhamos é a jornada de Rémy, um rato muito diferente de Mickey Mouse, mas que tem olfato e paladar apuradíssimos: ao contrário de sua família, ele não come tudo o que vê, selecionando apenas os melhores ingredientes. Sua vida muda quando ele assiste ao programa de televisão de Auguste Gusteau, um grande chef francês que tinha por lema: “todo mundo pode cozinhar”. E não é que Rémy compra mesmo a idéia?

A partir de sua difícil mudança para Paris, na qual inclusive separou-se de sua família, as coisas começam a acontecer para Rémy, que encontra o restaurante Gusteau’s, e torna-se freqüentador de sua cozinha, comandada pelo chef Skinner desde o falecimento de Gusteau. O companheiro de jornada de Rémy é o destrambelhado Alfredo Linguini, ajudante de cozinha odiado por Skinner. Juntos (de uma maneira muito diferente e engraçada), contando principalmente com o talento de Rémy, os dois fazem com que o restaurante, que vivia uma fase ruim, se tornasse assunto novamente na imprensa local, maravilhada com os sabores surpreendentes que o rato é capaz de proporcionar (evidentemente sem saber que Rémy é o grande chef).

Tanta sensação sobre o restaurante faz com que Anton Ego, o mais temido crítico de culinária em toda a França, e muito severo em suas considerações, decida avaliar novamente o local. Este personagem, que quase não aparece durante o filme, toma força em seu final, e nos brinda com um discurso sobra a “arte” de criticar, que todos os que são especializados em algum tema (seja ele política, cinema ou até mesmo culinária) deveriam ouvir atentamente.

O filme estreou semana passada nos EUA, assumindo o primeiro lugar das bilheterias, e mesmo assim causou preocupação aos executivos da Disney a arrecadação de apenas US$ 47.027,00. Vale lembrar, contudo, que Rémy duelou contra John McClane (isso mesmo, Bruce Willis e o novo Duro de Matar), e outras quatro sequências de blockbusters, derrotando a todos.

Ratatouille é muito bem construído (Rémy só conversa com seus semelhantes, ou seja, não há diálogos com os humanos), certamente agradando ao público infantil e ao adulto, e mostra como estamos dispostos a sacrificar muitas coisas importantes na busca (a família, o reconhecimento de nosso trabalho etc.) por fazer aquilo que mais amamos, no caso, ser um chef, mesmo que todos os fatores estejam contra nosso sonho.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Um Conto?....Por que não?

Peço desculpas por erros de datilografia, ortografia e conjugação. Como legítimos estudantes de jornalismo, entendam que, principalmente nas férias, a criatividade sobrepõe-se às regras gramaticais.

Altos e Baixos

Dedicado ao meu irmão, que deu, ultimamente, de que querer encarnar o Michael Jordan

Estendido ao chão como uma estrela do mar na areia de uma praia deserta, admirava o céu azulado preenchido de nuvens brancas. Beirava os dez anos, e, legitimando o porte de sua idade pueril, um baderneiro de carteirinha. Tinha um desejo diferente do de seus colegas escolares. Astronauta? Bah! Jogador de futebol? Qual nada! Queria sim, brilhar no piso brilhante das quadras de basquete. Mas brilhante mesmo era sua habilidade. Mostrava-se um hábil jogador, deixando os grandalhões da sétima serie a beira do nos nervos com suas esquivadas ágeis e até então inimagináveis para um garoto daquela idade.
- Três pontos! - dizia ele entusiasmado, brincando com sua bola imaginária no quintal.
Seu pai, reconhecido desembargador da região, prezava pela sua autoridade dentro de fora de casa. Família conservadora, casa confortável, viviam com conforto. Já plantava desde cedo o futuro do filho: seguiria a carreira de advogado, não há de ser outra coisa. Mas os olhos ansiosos do chefe de família cegavam-se para os desejos do menino.
- Querida, ando estranhando muito o comportamento de nosso filho - olhando-o pela janela da cozinha, a desviar de barreiras invisíveis no jardim.
- Ora, lá vem você de novo com seus princípios de conduta para cima do Ricardinho. Deixe o garoto em paz! Melhor ele ficar a brincar no quintal do que solto na rua, nessa cidade que é faminta para levar um jovem inocente as drogas – censurando o marido, sem olhá-lo diretamente, pois terminava de lavar os pratos sujos do jantar.
- Não é isso querida, concordo que ele deva se divertir, afinal eu também me divertia nos meus tempos de moleque, mas convenhamos, liberdade em excesso nunca é saudável. Não condiz com a educação que temos em mente para o Ricardo. Irritada com os comentários do marido, ignora-o e põe-se em passos pesados a sala de televisão para assistir a sua novela preferida, como fazia todas as noites. Ricardinho gostava de estudar, se interessava muito pelas aulas de história da professora Clotilde. Era um exímio escritor mirim, sem falar em sua admirável capacidade de detalhamento, que expunha nas aulas de artes. Mas sua paixão era uma só e ninguém, nem nada poderia impedi-lo de realizá-la. Porém, uma pedra teimava e colocar-se no se caminho. Ricardo Traltiano Ribeiro, possuía um nome pomposo que, somado ao prestigio de seu respeitado pai, herdaria para sempre reconhecimento e fama, e com ele alcançaria os mais altos cargos da carreira arquitetada pelo coroa. Falando em alcançar, eis algo que o tempo e o espaço – mais uma questão de espaço do que tempo – impunha-se a frente do pueril sonhador: Ricardo era um menino de baixa estatura, ou melhor dizendo, um tampinha. Um dia, o atarefado pai, como diariamente fazia ao chegar em casa depois do trabalho, vai em direção ao quarto do filho para dar-lhe um carinhoso beijo de boa noite – acreditando ele poder compensar as vastas horas longe de casa com o afetivo gesto -, mas, ao subir as escadas, escuta gritos de alegria procedidos de sucessivos estrondos que ressoavam pelo chão, como se um bando de cangurus tivesse invadido a casa e fossem aproximando-se rapidamente. À medida que se encaminhava ao quarto de Ricardinho, sentia-se um pequeno terremoto, estremecendo as paredes de alvenaria do corredor principal. Abrindo silenciosamente a porta, espiou pela pequena festa entre ela e o batente, o garoto pulando sobre a cama, atirando a uma cesta de lixo, bolas amassadas feitas de papel. Estaseado, após um primeiro suspiro audível somente a si mesmo, reparou como o filho acertava com precisão cirúrgica precisão todos os arremessos que fazia. Privou-se do rotineiro procedimento do beijo na testa, e, cabisbaixo rumou ao seu quarto, pensativo. "Oras, e não é que o moleque é bom mesmo!" Após alguns dias, quase como um movimento condicionado o pai retornava ao quarto para o beijo na testa, mas desta vez por detrás das costas carregava entre as mãos um embrulho arredondado.
- Uma bola de basquete! Obrigado papai! - disse o menino beirando aos prantos.
- Olha Ricardo, quero que me prometa uma coisa, não quero vê-lo em nenhuma circunstância deixando seus estudos para trás porque quis jogar basquetebol antes de fazer a lição de casa, ouviu bem? O menino movimentou a cabeça positivamente fixando os baixos olhos ao pai, como se fosse um soldado recebendo ordens de um general.
Passavam-se os anos, e Ricardinho, – o nome ficou no diminutivo mesmo, pois era assim que seus amigos o chamavam - aprimorava cada vez mais suas técnicas “basqueteiras”. Já não se dedicava tanto ao estudo, matava as aulas de matemática para jogar vinte e um. Tornou-se uma grande e precisa enciclopédia esportiva. Sabia quem jogava em que time, o nome dos técnicos, as regras. NBA, NLB, LBN, conhecia as ligas como quem conhece a própria casa. Aos poucos, ia despindo-se das vestes daquele garoto que apenas sonhava na idéia de jogar profissionalmente. No terceiro colegial, tomou uma importante decisão para si próprio: "Vou defender o time da escola no campeonato estadual!" Mas a bendita pedra que o perseguia desde a infância pôs-se a sua frente antes mesmo por as mãos na caneta para assinar a lista de inscrição.
- Nome?
- Ricardo Traltiano Ribeiro
- Série?
- Terceiro Colegial
- Altura?
- Um metro e cinqüenta e seis
- Peso... Não, peraí... Um metro e cinqüenta e seis? - indaga o treinador – me desculpe jovem, mas a altura mínina para entrar no time é de um metro de setenta.
Naquele momento sentiu-se como se alguém tivesse dado lhe uma bofetada na cara, com uma pedra obviamente. Saiu do escritório do treinador banboleando para os lados, estupefato. Os mais velhos ali presentes, diziam que estava embriagado.
- Jovens! Bebem até altas horas e depois vem se comportar dessa maneira até dentro da escola! Jogue um balde de água fria sem si mesmo...bêbado... – resmungou um velho funcionário do colégio. Depois daquele dia, Ricardinho nunca mais tocou em uma bola de basquete.
Não havia jeito. Tomado a si mesmo como um fracassado no basquete, decidira seguir os planos do pai. Revivera seus tempos de bom aluno, mostrando bons resultados nos vestibulares. Entrou na São Francisco. Com um sorriso falsamente aberto em forma de uma banana, segurava o diploma para posar para a foto que ficaria exposta em cima da lareira na sala de jantar. Motivo de eterno orgulho de seu gratificado velho. O tempo ia passando e, como era se esperar, começava a constituir sua família. Barriga saliente aparecia um dia se surpresa, uma jovem esposa, um filho, boa educação. Sua vida projetava-se como um reflexo do espelho do pai.
Um dia, deitado no sofá com uma cerveja em uma das mãos e o controle remoto na outra, mudava de canal a procura de algum programa de seu interesse. No pequeno intervalo de tempo que concedia a cada canal, um jogo da Liga Nacional passou despercebido, meio que propositalmente. "Será que devo? Já faz tanto tempo!" - relutava ele mentalmente. Não resistiu. Assistiu ao jogo. Aos poucos foi afrouxando a gravata, sentia um ardor pelo corpo. Porque estou tão quente? Pôs-se ereto no sofá, agora com os olhos vidrados no desenrolar do jogo. Ao fim do primeiro tempo, foi jogar no lixo sua garrafa, porém, antes mesmo de chegar a cozinha, deixou-a a cair no chão, paralisando-se por completo...
- Como não pensei nisso antes! - gritou, como se tivesse inventado a fórmula para a máquina do tempo.
Bom, pequeno ele era mesmo, não havia “Biotônico Fontoura” ou ovo de codorna que o fizesse crescer mais. As regras eram claras: um metro e setenta. Aquela frase solidificou-se na cabeça de Ricardo durante toda sua vida.
Mas ao ver aquele jogo, meio que contra sua vontade, mas não contra seus mais profundos desejos, encontrou a solução para finalmente entrar nas quatro linhas das brilhantes quadras de seu imaginário e que de certo não haveria pedra alguma no caminho para tropeçar novamente: viraria juiz de basquetebol.

terça-feira, 3 de julho de 2007

O terceiro saber: o animal humano


"Somos seres infantis, neuróticos, delirantes e também racionais. Tudo isso constitui o estofo propriamente humano."

Prosseguindo com os estudos da obra de Morin, Os setes saberes necessários à educação do futuro, me deparo com essa sentença que, em conjunto com os estudos detalhados, resume bem o que esse filósofo da complexidade pretende, tanto no tema de Ensinar a condição humana, quanto em seu trabalho na íntegra.

"A loucura é também um problema central do homem e não apenas seu dejeto ou sua doença. O tema da loucura humana foi evidente para a filosofia da Antiguidade, a sabedoria oriental, os poetas de todos os continentes, os moralistas, Erasmo, Montaigne, Pascal, Rousseau."

Não restrinjo esses assuntos somente para esses grandes pensadores que Edgar Morin destaca, mas levo em conta outras obras mais recentes. Uma que demonstra, com muita atuação, é o filme Dogville do dinamarquês Lars von Trier. Usando elementos de um teatro sem cenário, exceto seu solo, ele constrói uma trama delicada e ousada em seu método despretensioso de narrativa.

A forasteira Grace (Nichole Kidman) é recebida no vilarejo, com o mesmo nome do filme, fugindo da polícia e de gangsters. É época da depressão estadunidense de 1929. Sabendo do risco, mas querendo seu bem, o intelectual e popular Tomas Edison se oferece para recebê-la e convencer os demais moradores à colaborar com sua permanência temporária em troca de favores. No entanto, à medida que as autoridades e o submundo começam a aumentar sua busca, oferecendo, inclusive, recompensas, os habitantes de Dogville abusam de Grace em todos os aspectos possíveis.

O longa-metragem impressiona por simplificar, ou clarear, a complexa máquina que é o homem: racionalmente irracional, com um raciocínio perverso, frustrado e reprimido. Grace representa a fuga dessa realidade, que acaba falhando pela forma como são cruéis e severos. Ela se revela (não vou dizer o que, senão estrago a surpresa de quem contemplar essa obra) e usa desse estado para punir as pessoas que fizeram ela descrer no valor da vida humana.

Um filme sobre nossa natureza, que exemplifica bem os muitos antagonismos que Edgar Morin expressa ao explicar o homem.


domingo, 1 de julho de 2007

Apesar de estar em outro blog, este link é simplesmente genial.

http://www.gmoura.com/blog/2007/05/vai-um-corte-de-cabelo.html