sábado, 29 de setembro de 2007

Homens e Mulheres – Trilogia Musical parte I

Já que o cinema hollywoodiano considera tudo divisível por três de uns tempos para cá, realizo agora minha própria trilogia (por favor, sem comparações com Peter Jackson ou os Irmãos Wachowski), valendo-me de três músicas de um álbum chamado “Os Invisíveis” (Deckdisc, 2002), último trabalho inédito de um grupo conhecido por suas letras sérias e quase nada irônicas: Ultraje a Rigor, capitaneado desde os anos 80 por Roger Moreira.

Mas a que se propõe tudo isso? Uma trilogia? Isso mesmo. Ninguém resolveu essa questão (nem eu pretendo fazê-lo), mas cada uma dessas músicas reflete o comportamento masculino de maneira muito próxima da realidade: afinal, o que nós homens queremos das mulheres, e o que será que elas querem? (todas as sugestões neste sentido são bem-vindas).

Começando por “Miss Simpatia”, canção que reflete bem os momentos daqueles acostumados a esperarem alguma coisa de um sábado à noite. A letra de Renato e Gabriel Thomáz conta a história da uma mulher simpática, boa de papo, merecedora de um cara melhor do que a maioria, que já serviu como companhia para quem a esnoba nesse momento, pois “beleza plástica é o quesito que hoje mais me agradaria” (confira a letra e o som abaixo).

Quem nunca foi a uma balada acreditando que conheceria o clone da Gisele Bündchen ou do Reynaldo Gianechinni que atire a primeira pedra. Todo mundo que vai (e talvez a Pacha hoje seja a melhor pedida para quem aprecia o estilo de vida Ricos e Famosos) com a esperança de encontrar alguém, quer que sua conquista seja a oitava maravilha (antiga ou moderna, tanto faz) do mundo, cheio de qualidades, mas, se não puder conseguir tudo isso, ser bonita já é meio caminho andado. Depois das quatro, quatro e meia da manhã, até a beleza é jogada para escanteio: o negócio é não zerar na balada, porque isso é só para losers.

Acontece que vem o dia seguinte, e, meu Deus, como ela consegue ser tão chata? Será que cabe uma azeitona dentro do que a chapinha dela esconde? Ela consegue pronunciar uma frase que não comece com “tipo” ou “então, né”? Você começa a duvidar da escolha que fez na noite anterior, quando simplesmente ignorou aquela sua amiga gente finíssima que te dá bola, mas que fica ali no cantinho, na dela, e que foi seu “casinho” algum tempo atrás, mas, obviamente, você não contou para ninguém (o que vão pensar de mim?), e mais, se dispôs até a apresentá-la a um amigo seu (o que isso causou nela, vale a regra do ema, ema).

Enfim, o fato é que no fundo nós não sabemos o que queremos (tanto quanto dizemos das mulheres), mas isso tem que ficar só entre nós, e quanto menos aparentamos insegurança, melhor. Mesmo que o preço disso sejam relações superficiais e insatisfatórias, vamos pagando em suaves prestações mensais, que assim percebemos um pouco menos. Semana que vem: “A gente é tudo igual”.

http://app.radio.musica.uol.com.nr/radiouol/linklista.php?nomeplaylist=007167-5<@>Os_Invisíveis&opcao=umcd#

“Ei, Miss Simpatia/ Me desculpe mas hoje não vamos deixar pra outro dia/ Ei, Miss Simpatia/ Beleza plástica é o quesito que hoje mais me agradaria/ Você é muito inteligente mas hoje eu não tô a fim de conversar/ Se você estiver sozinha tem um amigo que eu posso apresentar

Não me leve a mal mas hoje eu quero ser superficial/ Eu até acho que a gente formaria um bom casal/ Quem sabe um dia eu te procure pra que a gente bata um papo com um teor mais intelectual/ não me leve a mal

Ei, Miss Simpatia/ Você merece um cara bem melhor do que a maioria/ Ei, Miss Simpatia/ Não sou do tipo que mulher como você se interessaria/ Eu agradeço pelo dia em que você me deu sua companhia/ Quando voltar pra casa sozinho era o que eu menos queria”.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

"Jornal 24 horas do Pastor"


"Net vai ignorar RecordNews, que estréia em 27 de setembro

Ricardo Feltrin
Colunista do UOL News

No dia 27 de setembro a Record colocará no ar seu novo canal de notícias com o objetivo de concorrer com a GloboNews e ir além: o RecordNews estará disponível tanto na TV paga quando na aberta, em UHF.
Justamente por ser concorrente da Globo, a Net (a Globo detém o controle acionário) não vai distribuir o canal. Ao menos num primeiro momento. Na TV paga isso deverá ficar a cargo da TVA (que já transmite a BandNews).
Projeto milionário da emissora, o canal deve estrear com 200 funcionários (mais da metade, jornalistas). Segundo a Record, a programação será exclusiva "e inédita" das 6h à 0h. Da 1h Às 6h será repetição do que já foi exibido.

Fonte: http://noticias.uol.com.br/uolnews/celebridades/ooops/2007/08/16/ult2548u369.jhtm

A "RecordNews" do Pastor Macedo entra ao ar amanhã.

Nada como faturar com a Universal do Reino de Deus e conseguir outra concessão em TV aberta, não é?

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Cristo e Marx

Quem disse que os seguidores de Marx são todos ateus?
Ou mesmo iguais?
Não interessa sua crença política ou religiosa.
É interessante esse vídeo.

Lembrando que o pedagogo Paulo Freire ajudou Venício Lima a escrever a nossa bíblia de Teoria da Comunicação, Mídia: Teoria e Política.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

"Buzina ai!"







Dia 17 de setembro, cerca de 40 alunos da Cásper Líbero protestaram contra a absolvição do senador Renan Calheiros. Aparentemente, isso não deu em nada, mas foi interessante observar a quantidade de motoristas que buzinaram com o pedido dos alunos. Sem atrasar o trânsito, os estudantes conseguiram aparecer no site da UOL, Terra e Estadão, além da revista Veja.

No mesmo ano das manifestações contra o Bush, em março, tivemos esse pequeno, mas notável, ato de ativismo político (...).

Fotos por Marcelo Cabreira, do blog Bocejos de Felicidade.

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

De Gullar para Renan Calheiros

Me aproprio de uma poesia do admirado crítico acadêmico maranhense, Ferreira Gullar (pseudônimo de José Ribamar Ferreira) para homenagear o querido presidente do Senado absolvido, mesmo após um escândalo comprovado envolvendo denuncias de sustento por um lobista, nessa última quarta-feira, dia 12 de setembro.

Narciso e Narciso

Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge
que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira.

Para Narciso
o olhar do outro, a voz
do outro, o corpo
é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira.
E se o outro é
como ele
outro Narciso,
é espelho contra espelho:
o olhar que mira
reflete o que o admira
num jogo multiplicado em que a mentira
de Narciso a Narciso
inventa o paraíso.
E se amam mentindo
no fingimento que é necessidade
e assim
mais verdadeiro que a verdade.

Mas exige, o amor fingido,
ser sincero
o amor que como ele
é fingimento.
E fingem mais
os dois
com o mesmo esmero
com mais e mais cuidado
- e a mentira se torna desespero.
Assim amam-se agora
se odiando.

O espelho
embaciado,
já Narciso em Narciso não se mira:
se torturam
se ferem
não se largam
que o inferno de Narciso
é ver que o admiravam de mentira.

Tenha um excelente encontro com seu próprio Narciso, Senador.

(Que seriam seus supostos apoiadores, talvez.)

terça-feira, 11 de setembro de 2007

5º sugestão para mini-seminário - 11/9

Dos terroristas até as verdades do Islã.

Da Folha de São Paulo até a rede de televisão Al Jazeera.

Em 6 anos, isso não foi apagado, precisamos (re)pensar também.

Imagem que fala mais do que palavras, sem qualquer defesa estadunidense.

Ou qualquer punição exacerbada.

domingo, 9 de setembro de 2007

Epílogo: A Cabeça Bem-Feita

"Este livro é dirigido a todos,
mas poderia ajudar
particularmente professores e
alunos. Gostaria que estes últimos,
se tiverem acesso a este livro, e
se o ensino os entedia, desanima,
deprime ou aborrece, pudessem utilizar
meus capítulos para assumir
sua própria educação."

Prefácio de A Cabeça Bem-Feita, Edgar Morin.
Com sete ou cem ensinamentos, o objetivo final dele é nos ensinar a auto-disciplina, a revisão de nós mesmos e como lidamos com o novo, que é o conhecimento. Não temos compreensão suficiente às necessidades do mundo.

O sétimo saber: aquecimento global

Após alguns dias sem escrever, volto para concluir minha análise dos saberes de Edgar Morin nessa excelente obra não só para educadores, mas para todas as pessoas preocupadas com conhecimento no futuro.

Todas as comparações feitas nas outras postagens visavam explicitar as diversas maneiras que seus ensinamentos podem ser aplicados nos acontecimentos circunstanciais. Nesse saber que fecha os conceitos do livro, A ética do gênero humano, não há nenhum melhor exemplo do que o aquecimento global, antigamente chamado de "efeito estufa". Embora seja uma reação afirmada como natural do planeta Terra em sua passagem de anos, as conseqüências da emissão de gases com carbono, nitrogênio e outros elementos que aumentam impermeabilidade das camadas gasosas na atmosfera, tornam difícil a saída de calor após o aquecimento recebido do sol dia-a-dia.

Por isso a conseqüência da falta de esforço conjunto pode tornar a temperatura planetária impossível para a vida humana. Progressivamente, o aquecimento começará derretendo ainda mais as calotas polares nas extremidades sul e norte do planeta, causando inundações. Com o passar do ano, regiões desérticas se tornaram inabitáveis, começando a afetar as de clima mais ameno. Uma ética, principalmente em conjunto, deve ser pensada para mudar o curso da história humana.

“A antropo-ética instrui-nos a assumir a missão antropológica do milênio:

Trabalhar para a humanização da humanidade;
Efetuar a dupla pilotagem do planeta: obedecer à vida, guia a vida;
Alcançar a unidade planetária da diversidade;
Respeitar no outro, ao mesmo tempo, a diferença e a identidade quanto a si mesmo;
Desenvolver a ética da solidariedade;
Desenvolver a ética da compreensão;
Ensinar a ética do gênero humano.”

Essas instruções do conceito que ele mesmo criou em seus estudos filosóficos não constroem meramente um manual, cada uma das suas normas permite uma reflexão que, quase imediatamente, pode ser aplicada às medidas contra o perigo do aquecimento nocivo. Ele propõe muito mais do que ética, do que democracia: ele promove, pelos seus escritos e exemplos, uma aula de complexidade e como fazer um bom uso dela.

Fazer uso do complexo, não se limitar em reducionismos ou definições imutáveis. Trabalhar com o específico e seu contexto. A prática a favor do próximo, para Morin, acaba por ocorrer quando se reconhece nele a nossa identidade como gênero humano, que a antropologia bem explica. Os progressos humanos, quando começam a colocar em risco a vida do planeta, pedem uma ecologia que impeça a pior situação. Repensar o destino e o processo total da humanidade.

“Enquanto a espécie humana continua sua aventura sob a ameaça de autodestruição, o imperativo tornou-se salvar a humanidade, realizando-a.”

Por essa última comparação, eu encerro a análise do livro Os sete saberes necessários à uma educação do futuro. As situações, quando não explicam por si, lançam perguntas ao leitor para que não se limite ao conceito fechado sobre os acontecimentos que o cercam, pensando detalhes e toda a realidade que é criada.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Nova integrante do Cidadão do Mundo: Clarice!

Por ausência de palavras minhas, usarei as dela.
Incrível como assim sem me conhecer ela compreende...
Obrigada, amiga!

"Perdi uma coisa que me era essencial, e que já não é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com duas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar".

Clarice Lispector.

(Clarice posta nesse blog uma vez por mês, entre um compromisso e outro, uma exposição que seja, momentos esses em que nos presenteia com letrinhas repletas de emoções)