terça-feira, 5 de junho de 2007

O primeiro saber: professor ensina a ilusão

No dia 25 de maio ocorreu, na sala Aloysio Byondi da Faculdade Cásper Líbero, a abertura e a mesa 1 de exposição, debate e difusão das pesquisas realizadas no ano de 2006 no 5º Fórum de Pesquisa promovido pelo CIP (Centro Interdisciplinar de Pesquisa). Entre os palestrantes estava nosso professor de filosofia, Dimas Antonio Künsch, apresentando seu trabalho de pesquisa sobre jornalismo e filosofia complexa. Usando pensadores como Edgar Morin e seu Complexus, ele criticou o Cogito Ergo Sum ("Penso, logo, existo") de René Descartes. Esse pensamento racional, dualista e bastante reducionista, segundo o professor, não pode se adequar a uma prática que acompanha acontecimentos quase sempre complicados, como o jornalismo.


Professor Dimas apresenta, nos slides, seu trabalho de pesquisa em 2006.

Dessa forma, aproveitando o começo de mês, eu falei sobre a leitura do livro Os sete saberes necessários à Educação do Futuro, de Morin, e aproveito esse post para estender a análise até cada um desses saberes. O primeiro deles são "As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão".

O professor foi claro em sua explanação de que existem diversas visões sobre a construção do jornalismo e não somente o reducionismo que nos é ensinado. Diz claramente Dimas: "Ouçam as vozes aceitas, as vozes caladas, as abandonadas". Edgar Morin, ao relatar sobre o erro e a ilusão, riscos no processo de conhecimento, parece querer, da mesma forma que nosso professor de filosofia, buscar erros cometidos ao longo da história, inclusive por personalidades de renome como Karl Marx. "Marx e Engels enunciaram justamente em A ideologia alemã que os homens sempre elaboram falsas concepções de si próprios, do que fazem, do que deveriam fazer, do mundo que vivem. Mas nem Marx nem Engels escaparam desses erros", diz o filósofo francês, ex-membro da Resistência Francesa durante a Segunda Guerra Mundial.

Citando exemplos de que o jornalismo reducionista não é amplo, em especial da sua pesquisa em revistas como Istoé, Veja e Época, nosso professor novamente dialoga com Morin que afirma, categoricamente, "o conhecimento não é um espelho das coisas ou do mundo externo". Edgar Morin amplia ainda mais a crítica, confirmando que não somos biologicamente perfeitos, nem racionalmente e muito menos ao considerar que nossa capacidade de seleção de memória é falha.

O filósofo francês conclui, após diversas análises de noologia (psicologia) e normalização (constituição de leis), que é necessário, especialmente no novo mundo globalizado, o ensinamento das incertezas do conhecimento através da aceitação do erro. Focando mais especificamente para nosso campo profissional, entendi que nosso professor Dimas ensinou a incerteza, dentro da complexidade, no campo aparentemente tão certo e determinado como o jornalismo deseja ser.

Para encerrar a postagem, deixo links de algumas reportagens publicadas no site da Faculdade Cásper Líbero (uma delas, minha. As outras, eu falo sobre a mesa 3 do Fórum de Pesquisa) e um para o começo da análise dessa obra de Morin:




5 comentários:

Anônimo disse...

"que é necessário, especialmente no novo mundo globalizado, o ensinamento das incertezas do conhecimento através da aceitação do erro. Focando mais especificamente para nosso campo profissional, entendi que nosso professor Dimas ensinou a incerteza, dentro da complexidade, no campo aparentemente tão certo e determinado como o jornalismo deseja ser."

Isso me faz lembrar do último post, sobre a estética, no qual foi postada uma informação errada. no fim das contas, isso foi bom, pois o erro ensina as pessoas inteligentes e mostra que errar não é diminuir a pessoa, e sim enaltece aquele que percebe e tem capacidade e humildade suficiente para dizer que errou.

Não estamos falando de apenas permitir livremente o erro, mas sim de tonar isso uma coisa mais tolerável, afinal, quem não está sujeito ao erro?

Devemos sempre buscar a verdade e o fato como ele é, mas acima de tudo, devemos aprender a trabalhar o nosso lado "defeituoso", aquele que erra sim, mas que busca saber onde, como e quando errou, para aperfeiçoá-lo no futuro.

Cecília do Lago disse...

Errar é umano.

Anônimo disse...

"Não estamos falando de apenas permitir livremente o erro, mas sim de tonar isso uma coisa mais tolerável, afinal, quem não está sujeito ao erro?" - concordo. destas palavras faço as minhas.

abraço,
Ítalo.

Anônimo disse...

Não se pode esperar a perfeição de um ser imperfeito...

Carlos Antonechen disse...

Aprender a ter erros e ver que a perfeição é utópica. Algo que o ser humano desde sempre há de conviver e nunca o encarou de fato.