sábado, 24 de março de 2007

O "lado negro" dos males humanos

"Roger Waters, fundador, principal compositor, baixista e cantor de uma das maiores bandas de rock de todos os tempos, a lendária Pink Floyd, traz ao Brasil, em março, para apresentações no Rio de Janeiro e em S.Paulo, o show “The Dark Side of The Moon”, baseado na obra que é considerada a mais importante da banda e um dos marcos da história do rock mundial. A vinda ao país da turnê é mais uma realização da CIE Brasil (Companhia Interamericana de Entretenimento), que negociou a vinda de Roger Waters ao país por quase um ano.O espetáculo, que já foi apresentado na Europa e Estados Unidos, será visto pelos cariocas, na Praça da Apoteose, no dia 23 de março, e pelos paulistas, no Estádio do Morumbi, no dia 24 de março. Os ingressos estarão à venda a partir do dia 14 de fevereiro em diversos pontos de São Paulo e Rio de Janeiro, além de postos montados em Brasília e Curitiba, pela Internet ou pelo telefone (Central Ticketmaster)."

Rock Online, Terra, 2007.

"De início, precisamos ressaltar que este disco é considerado por muitos, simplesmente, como o melhor disco de rock progressivo de todos os tempos. Mais do que isso: é o melhor, o mais genial e o mais cerebral trabalho desta lenda chamada Pink Floyd. As vendagens astronômicas, com quase 30 milhões de cópias vendidas, o Guinnes Book, e a EMI (gravadora da banda, que como diz a lenda foi obrigada a construir fábricas especialmente para prensar este disco) só vêm a confirmar esta tese.
Não precisamos nem começar a o ouvir para termos noção da grandiosidade. Olhe para a capa: uma imagem única, umas das capas mais brilhantes da história. Mas o mais importante é que sintetiza todo o conceito do disco, que é sobre os “males” do homem moderno, a escuridão em que o mundo se encontrava e todos os problemas que afligem a humanidade. Isso em 1973. O incrível é que o disco soa bastante atual até os dias de hoje. Fora que data da época em que os egos não estavam inflados no grupo e todos conviviam em perfeita harmonia.
Há ainda a misteriosa coincidência de que, ao colocar este disco para rodar logo após o terceiro rugido do leão da Metro-Goldwyn-Mayer, no filme O Mágico de Oz, as letras encaixam-se perfeitamente nas imagens que estão passando na tela. O grupo jura até hoje que tudo foi apenas uma incrível coincidência e não tinham nenhuma intenção de fazer isso."


Primeira avaliação do álbum The Dark Side of the Moon da banda Pink Floyd no site Whiplash, por Maurício Gomes Angelo, 21/09/2003.

"Um grande espetáculo nos céus. Cores e luzes que olhos sóbrios não conseguem enxergar. Vozes que a audição ainda não aprendeu a ouvir. O lado escuro da lua, onde, até hoje, só a insanidade conseguiu alcançar. A voz desesperada que ecoa nos céus e que se faz ouvir sempre que o chamado da loucura nos abre os ouvidos. Uma viagem sem volta para um mundo onde moram todas as nossas angústias.
É dentro deste cenário psicótico-surreal que quatro rapazes ingleses, entre meados de 72 e 73, criaram a obra fundamental do rock, “dark side of the moon”. E numa projeção bastante otimista, dificilmente, nos próximos 150 anos, aparecerá algo comparável ao que Roger Waters, David Gilmour, Richard Wright e Nick Mason gravaram há três décadas."


Segunda avaliação do álbum The Dark Side of the Moon da banda Pink Floyd no site Whiplash, por Daniel Mendonça, 18/04/2003.


Prestigiado como é, a vinda de Roger Waters ao Brasil é espetacular e sua proposta de executar o concerto The Dark Side of the Moon nos leva, novamente, a refletir sobre tamanha influencia filosófica que a música exerce com seu ritmo, suas letras elaboradas e sua proposta inovadora para a época, inovadora como obra-prima.

Igualmente influente no século XX, nos trabalhos de Nietzsche e do escritor Albert Camus, mas não por sua música, o filosófo alemão pessimista Arthur Schopenhauer foi um forte crítico do pensamento filosófico racional de Immanuel Kant. Focando nos fenômenos, ele retirou a racionalidade e passou a caracterizar as vontades humanas como tentativas de apazigar as dores que a vida causa, que as frustrações causam. Schopenhauer inclusive caracterizou as artes como representações das vontades humanas frente aos males universais, que não conseguem superá-los, mas solucionam temporariamente. Sua visão de mundo era no Irracional e no Cego, nas Vontades e Projeções, visões fortemente exploradas na música de Pink Floyd, em muitas letras que Roger Waters compôs durante sua vida.


As mensagens, tanto do filósofo quanto da música, em especial, The Dark Side of the Moon, devem nos remeter à reflexões mais recentes: como a consciência humana está hoje? Mesmo com o advento da psicanalise de Sigmund Freud e as descobertas mais precisas da biologia, da neurologia, o século XX não deixou marcas de um pensamento humano ainda encoberto? Quando seremos esclarecidos, afinal?

10 comentários:

Anônimo disse...

Hahahaha...

Lado negro? Não somos mais como discos que possuem dois lados, abdicamos do segundo lado há tempos.

Atualmente somos com CDs de música ruim, um lado bonitinho, socialmente aceitável; outro lado medonho que ninguém gosta, que é a nossa real a essência.

Talvez o Pink Floyd só tenha visto isso... Mas infelizmente tarde demais para alertar realmente o mundo.

Bom, quanto ao trabalho escrito; Ficou bem interessante a interação Schopenhauer/Dark Side of the Moon.
Aquela quebra no meio... Foi meio que surpresa...

Inicialmente, tive uma impressão de um post musical. Mas, depois, vi que era algo muito além do esperado. =]

Bem... Perdi o vago vácuo de memória e idéias para escrever...

Priscila Jordão disse...

"É isso a cultura: tudo o que o homem inventou para tornar a vida vivível e a morte afrontável." (Aimé Césaire)

(também explorando os lados ocultos da lua e da alma)

Guilan disse...

engraçado. apesar de não curtir roger waters, concordo.

Demorará milênios até sermos esclarecidos.

G.S.F. disse...

nossa muito boa a abordagem feita!
explora um evento recente para chegar a um ponto de avaliação
muito bom

Anônimo disse...

Às vezes eu me pergunto, apesar de ter quase certeza de que não, se esses quatro tinham alguma idéia da repercussão que esse álbum causaria. Realmente, entre as inúmeras reflexões que podemos fazer sobre esse álbum está a de que os seres humanos são todos uns lunáticos. Criamos nossas regras, nossas instituições, e de repente pensamos que somos os donos do planeta, e de todo o resto ao seu redor. Vamos ser felizes.

Unknown disse...

Hummm... às vezes eu acho que a graça do ser humano é ter uma mente que não pode ser compreendida. Meio que ela faz com que sejamos únicos e com talentos e defeitos próprios.

Quanto ao Pink Floyd, não conheço direito o grupo. Mas a mensagem do disco é bonita.

Anônimo disse...

Me recordo que quando do lançamento dos discos Dark side of the Moon e The Wall, nos faziamos filas nas lojas de discos e quando não, corriamos com fitas k7 para gravarmos, muitas vezes de maneira precária.
É muito legal ver o tempo passar e aquilo que foi bom e marcou a nossa juventude, ainda encantar e influenciar pessoas que sequer haviam nascido a época dos lançamentos. Os temas ainda são os mesmos.

Anônimo disse...

Não acho legal dizer que The Dark Side Of The Moon é tudo isso que disseram na materia, ele é apenas mais um disco de rock progressivo entre muitos outros que são unicos! E é essa característica que nos lembra o rock progressivo, a originalidade de cada album, música e banda.
O problema esta que este album leva o pink floyd a sua carreira mais comercial, longe de ter piorado a banda, tal carreira a leva para a porta de uma nova faze onde é explorado novos conceitos que nunca e jamais foram explorados antes e devo ressaltar sempre quando tratamos de algo comercial ele deixa de ser específico para os apreciadores mais refinados e é levado ao mundo pop dos top 10 das radios pop, nesse caso podemos começar a conversar sobre o assunto, porém se começarmo a discutir sobre isso nós devemos começar a discutir sobre o The Wall e muitos outros discos de bandas famosas da época.
Enfim, não gostei do sensacionalismo realizado encima do album.
De resto a matéria esta sensacional! Muito legal colocar Schopenhauer com Pink Floyd. Interessante mesmo, apesar de eu ler Nietzsche e ser meio averso as teorias de Kant e Schopenhauer tem tudo a ver isso.

Anônimo disse...

Seguindo a linha do "fazer sentido não faz sentido", Pink Floyd e Schopenhauer espressam bem o lado não racional,seja pela obscuridade ou pelo niilismo. Por que não pelos dois juntos.

Relação criativa. Pegou um pouco de surpresa, mas o depois conpensou o susto.

E apesar do exagero e chauvinismo, Schopenhuer até dá pra se aproveitar de vez em quando !

Anônimo disse...

a arte é uma expressão do sentimento humano, então a música é terapia?