quinta-feira, 22 de março de 2007

3ª sugestão para mini-seminário – A violência urbana

A violência urbana sem dúvida é um tema que já faz parte do repertório de qualquer brasileiro que se preze. É um assunto tão comum, que raramente ocupa as manchetes dos principais meios de comunicação, salvo nos casos extremos dos crimes hediondos mais inimagináveis.

Provavelmente, o caso que atualmente nos vêm em mente é o de João Hélio, o garoto de seis anos que foi arrastado por sete quilômetros, preso ao cinto de segurança do carro de sua mãe, após um assalto no dia 7 de fevereiro de 2007. O caso ganhou repercussão em massa na mídia pelo inconformismo da população brasileira.

Roubos de carros são acontecimentos comuns no Brasil, em 2005, por exemplo, era um veículo a cada 90 segundos. Porém, dessas centenas de milhares de furtos anuais, nenhum de que se tem notícia causou a morte de uma criança inocente por arrastamento. Teria sido o caso João Hélio uma fatalidade? Poderia ter sido evitado se simplesmente os bandidos parassem o carro?

Thomas Hobbes, em sua linha de pensamento racionalista, afirmava que, “quem não age segundo sua verdadeira natureza não tem nenhuma moral, sendo o altruísmo uma ilusão”. Ora, sem entrar nas questões psicológicas que poderiam explicar o motivo dos marginais não atenderem ao apelo dos pedestres e motoristas que viam o menino sendo arrastado, e pediam para parar o carro, não havia a menor preocupação com a vida alheia, em detrimento das dos próprios meliantes, e a possibilidade do roubo ser frustrado.

A situação social em que estamos hoje é basicamente o racionalismo de Hobbes levado ao extremo. O valor da vida humana é nulo, em comparação de bens muito maiores que são o dinheiro e o poder. Todos sabemos que isso é lugar-comum, nós temos completa noção do nível em que a violência urbana está, pois somos vítimas diretas dela.

Descobrir as causas e tentar encontrar as soluções de tudo isso são tarefas extremamente importantes, porém não fazem parte da abordagem filosófica que procuramos. Hobbes afirma que os homens são naturalmente egoístas, e procuram essencialmente melhorar suas vidas, mesmo que isso signifique fazer coisas horríveis a outras pessoas. Para ele, a única maneira de se evitar que a sociedade caia em uma “anarquia maligna”, é confiando em um leviatã, um tipo imaginário de déspota que por medo ou força nos levasse a vidas civilizadas.

Esse é um tema que origina muitas discussões, especialmente devido ao nosso passado político e social. Quem nunca ouviu pessoas dizerem que a volta da ditadura é a solução? Até que ponto a sociedade abriria mão de suas liberdades individuais por um bem maior? O racionalismo de Hobbes é atual, ou hoje a miséria humana atingiu a níveis ainda mais inimagináveis?

2 comentários:

Pedro Zambarda disse...

Muito boa e elaborada tal proposta.
Acredito sim que a sociedade está invertendo os valores antigos da vida humana em prol de um sistema que julgam ser ideal. As próprias filosofias do século XX (determinismo, marxismo, neoliberalismo) não valorizam mais o valor vital de cada indivíduo. Podemos usar Hobbes para explorar esse viés filosófico causado pela contemporaneidade.

Anônimo disse...

Keeeeeeesteneeer