terça-feira, 27 de março de 2007

No buraco da caverna

Um dos acontecimentos mais discutidos nas últimas semanas foi a abertura de uma cratera na linha amarela do metrô de São Paulo. Muitos sequer chegaram perto da região mas, mesmo assim, estavam perplexos devido à grande (entendam tal adjetivo como desejarem) cobertura das chamadas “mídias de massa”. Pessoas estavam indignadas contra o desleixo da construtora para com a obra e, posteriormente, para com as vítimas do incidente. No mesmo período, corriam na Câmara dos Deputados as votações para a cadeira de presidente, hoje ocupada por Arlindo Chinaglia; o fato recebeu, em comparação ao primeiro, pouco enfoque da “grande” mídia.
Ora, grosso modo, a população se preocupou mais com um rombo no chão do que com o futuro político do país! Todavia, nada mais natural, posto que se abria ali uma nova morada. Recordemos a famosa Alegoria da Caverna de Platão, em que indivíduos acorrentados ao solo permaneciam na escuridão e enxergavam somente sombras do mundo real. Recordou? Pois bem, estamos na mesma situação. Vivemos num “buraco digital”, em que os aparelhos de comunicação fazem o papel das correntes e as imagens e fatos noticiosos imitam as sombras da realidade.
Como confiar, então, na mediação feita entre o que ocorre e o que é mostrado? Simples: desconfiando. Se até a objetividade das fotos deve ser contestada, o que dizer de um texto jornalístico? Por mais imparcial que seja, o artigo sempre carrega um determinado enfoque da realidade. Assim, o melhor a se fazer é sair da caverna de vez em quando para conferir o “perfeito” Mundo das Idéias.
O jornalismo é exatamente isso. Devemos ouvir os dois lados da história e desconfiar de ambos. Sendo um profissional da área, passamos a fazer parte do jogo não mais como meros espectadores, mas como aqueles que mediarão a notícia entre os dois mundos: o da luz e o das sombras. O ofício é árduo, porque mesmo se valendo da maior objetividade possível, haverá desconfiança entorno de seu trabalho. Por outro lado, isso é muito bom, pois saberemos que as pessoas, pouco a pouco, estão descobrindo um terceiro mundo: o da opinião. E quanto a você? Prefere qual mundo?

8 comentários:

Anônimo disse...

O texto é excepcional! Concordo plenamente com a idéia de estarmos num buraco,abarrotado de informações irreais. Estamos na era digital das trevas!!!!

Anônimo disse...

Que lixo! O texto é curto, tem erro de concordância ("Se até a objetividade... devem ser contestadas")e a intertextualidade com a tragédia do metrô foi infeliz. Isto é uma vergonha!

Anônimo disse...

oi mãe

Pedro Zambarda disse...

A postagem ficou legal, mas nunca esqueça do título.
Assunto que foi muito bem mostrado na aula de História da Comunicação pelo professor Carlos Costa e para quem estava acompanhando com mais atenção os meios de comunicação. Fatos assim passam desapercebidos mesmo devido à manipulação promovida de forma estratégica...

Anônimo disse...

Passei por aqui, a convite do Pedro, li o texto, imagino que mídia irá ser sempre objeto de muita reflexão e de muita crítica, torço por isso etc., etc., apóio o debate e cumprimento meus caros alunos e alunas.

Dimas A. Kunsch

Anônimo disse...

Realmente, a grande mídia nos acorrenta e nos impede de ver a realidade. Somos obrigados a ver o que interessa a ela nos mostrar.

ps: será que alguém que entra em um blog sobre Edgar Morin para dar um "oi" para a mãe não tem mais o que fazer?

Anônimo disse...

Gostei do estilo do texto, e concordo com a idéia, principalmente a necessidade do jornalista de enxergar "os dois lados, e desconfiar de ambos", gostei dessa frase.

Anônimo disse...

"INTERTEXTUALIDADE" ?!?!? CARACA...ISSO TA NO AURELIO? SEGUINTE... O CAUSIDICO DO CAPETA DISSE : "PESSOAS ( UM MONTAO DELAS) MORREM DIARIAMENTE E NEM POR ISSO VIRAM MANCHETE ( ou motivo de acordo monetario-financeiro... azar dos que ficaram ). A TAL GRANDE MIDIA NAO ACORRENTA NINGUEM, ELA SO FAZ O QUE TODA EMPRESA FAZ... MAIOR LUCRO POSSIVEL COM O MENOR INVESTIMENTO POSSIVEL. AH! QUASE ESQUECI; ELA TAMBEM PAGA SALARIOS, BENEFICIOS, FERIAS, 13 SALARIO, ETC.
O QUE ACORRENTA E A IGNORANCIA