quarta-feira, 16 de maio de 2007

A tragédia em suas milhares de faces - Começo

Embora você possa não reconhecer essa imagem, ela possui um significado imenso para fãs da música heavy metal, em especial o rótulo progressive metal: uma vertente do rock que mistura a batida pesada de instrumentos distorcidos com os elementos minimamente trabalhados (literalmente!) do progressive rock.

É de um CD da banda norte-americana de Boston chamada Dream Theater, conhecido pelo nome Metropolis Pt.II: Scenes From a Memory. Com influencias dos rock stars de 1960, como Pink Floyd, Yes e Genesis, a banda é conhecida por promover músicas "para músicos", além de letras com críticas profundas contra a sociedade, os sentimentos e a humanidade no sentido literal da palavra.

"Vamos por partes", como o próprio nome e a capa do album sugerem. Longe de fazer uma postagem apenas para os fãs da banda, vou resumir a mensagem "de fã" nesse parágrafo, pois o resto é filosofia. O nome veio de uma música de um CD mais antigo da banda, o famoso Images and Words. Seu nome é Metropolis pt.I: The Miracle and the Sleeper, que fala de uma cidade futurista e seus habitantes perturbados, sob o ponto de vista do "Miracle" e do "Sleeper". A idéia na segunda parte seria inserir um "terceiro personagem", que foi transformada num CD inteiro com mais de uma hora!

Teoricamente, a terceira entidade da história (pra quem ouviu a primeira música) seria The Love, mas o album permite outras diversas interpretações, ao longo de sua história trágica rica.

Metropolis pt.II: Scenes from a Memory fala sobre a saga de um homem chamado Nicholas que, ao ser hipnotizado, relembra a tragédia de uma vida passada: a sua morte como Victoria.

Filosoficamente, essa jornada pode ser comparada com a proposta do estudioso de mitos e religiões contemporâneo Joseph Campbell. Ele propõe o "Mito do herói" em várias de suas obras, como O Herói das Mil Faces. Em entrevista antes de morrer com Bill Moyers, ele diz que o herói passa por uma transcendência, uma "busca no seu éter" e, depois, retorna, renovado.

Embora não seja uma viagem feliz, as passagens musicais promovidas pelo Dream Theater mostram transição entre duas vidas completamente distintas. Veremos, então, música por música e com alguns trechos, como ocorre essa viagem:

1. "Scene One: Regression" – 2:06 (Petrucci)

"Close your eyes and begin to relax. Take a deep breath, and let it out slowly. Concentrate on your breathing. With each breath you become more relaxed. Imagine a brilliant white light aboveyou, focusing on this light as it flows through your body.Allowyourself to drift off as you fall deeper and deeper into a morerelaxed state of mind. Now as I count backward from ten to one,you will feel more peaceful, and calm. Ten. Nine. Eight. Seven.Six. You will enter a safe place where nothing can harm you. Five. Four. Three. Two. If at any time you need to come back,all you must do is open your eyes. One."

Após essa contagem, começa uma melodia que resume o album e faz parte de boa parte de suas faxas. Nicholas é introduzido à Victoria, tida como uma pessoa muito querida. Campbell diria, talvez, que a aventura aqui começa.

2. "Scene Two: Part I. Overture 1928" – 3:37 (Dream Theater, instrumental)

Música que ambienta ao ano da trama no passado. Os instrumentos pesados sugerem um ambiente nada hospitaleiro.

3. Scene Two: Part II. Strange Deja Vu" – 5:12 (Dream Theater, Portnoy)

"[Victoria:]Tonight I've been searching for it
A feeling that's deep inside me
Tonight I've been searching for
The one that nobody knows
Trying to break free
I just can't help myself
I'm feeling like
I'm going out of my head
Tears my heart into two
I'm not the one
the sleeper thought he knew"

Victoria fala de suas frustrações pessoais, Nicholas se divide nas vozes de sua entidade passada e a presente, ela e ele. A sensação de "Deja vu" demonstra a familiaridade do narrador com os fatos. É a "busca do éter" narrada por Joseph Campbell.

4. "Scene Three: Part I. Through My Words" – 1:02 (Petrucci)

Breve música que mostra a ligação das palavras presentes com o passado de Nicholas.

5. "Scene Three: Part II. Fatal Tragedy" – 6:49 (Dream Theater, Myung)

"Lad did you know a girl was murdered here?"
"This fatal tragedy was talked about for years"
Victoria's gone forever
Only memories remain
She passed away
She was so young
Without love
Without truth
There can be no turning back
Without faith
Without hope
There can be no peace of mind
--
[The Hypnotherapist:]
"Now it is time to see how you died.
Remember that death is not the end,
but only a transition."

Música que retrata a trama central do "herói de Campbell" e também do menino Nicholas: a perda, a aventura de fato, a transformação. Victoria foi morta de uma maneira trágica e o protagonista tenta entender essa jornada. O homem que o hipnotizou, na parte final que colei aqui, demonstra que a morte não foi definitiva, que serviu à uma causa, uma transição.

Bom, vou deixar gosto na boca de vocês, mas narro as demais canções no próximo post!

4 comentários:

Denis Kei disse...

Aaaaa!
sacanagem!
o q acontece? como ele morre?
poxa...eu tava me identificando!!
trate de fazer esse próximo post bem rapido!
rsss
abraço ^^

Anônimo disse...

Preciso parar de analisar músicas apenas no âmbito instrumental.

Por falar nisso, já ouviu Pain of Salvation? - banda sueca de Prog Metal.

Anônimo disse...

É interessante perceber que o rock progressivo nao perdeu seu encanto de contar estórias e histórias fantásticas e mostrar-nos seus personagens de forma profunda. São óperas e cansões que nos remetem a pensar, tais quais as obras dos mais famosos escritores do mundo.

Anônimo disse...

Pedro, gostei da análise e da aproximação com o Campbell, tudo a ver com transcendência, embora eu nunca tivesse pensado em usar esse termo! Legal mesmo! =P
Queria lembrar também do Emerson, Lake & Palmer, outra grande banda do prog, cujas letras também são dignas de análise, especialmente "Tarkus". Dá uma olhada na letra!!