
Seguindo o caminho trilhado pelo governo F.H.C, o governo de Lula - mais uma vez contrariando um antigo princípio – encabeçou outro processo de privatização: dessa vez o alvo é o sistema rodoviário.
Após a largada dada pelo governo, realizou-se uma verdadeira corrida entre as empresas privadas para a privatização das rodovias federais. De Brasília partiram algumas determinações que deixaram claras as características de sua realização.
Houve, por exemplo, a não exigência de que participassem em

Realmente, as dimensões do negócio impressionam: calcula-se que a operação envolveu algo em torno de 20 bilhões. Nela, estiveram em jogo a concessão de 2.601 quilômetros de rodovias federais por 25 anos, incluindo os trechos São Paulo-Curitiba da BR-116 (Régis Bittencourt) e São Paulo-Belo Horizonte da BR-381 (Fernão Dias).
Na disputa a espanhola OHL Brasil predominou no leilão, arrematando cinco editais, que somam 2.078 quilômetros. Após isso, a empresa tornou-se a maior concessionária de rodovias no país. Outra empresa que adquiriu trechos foi a empresa BRVias – que tem como uma das sócias a família Constantino, dona da Gol Linhas Aéreas - arrematando um trecho da BR-153, de 321,6 quilômetros. A espanhola Acciona do Brasil também tornou-se dona de um trecho de 200,4 quilômetros da BR-39. Um dos quesitos para a concretização das vendas foi o menor preço de pedágio oferecido pelas empresas.
Desde já, o leilão enfrenta representações na justiça para seu cancelamento, uma delas foi apresentada pela Justiça Federal do Paraná, antes de sua realização. A liminar concedida suspendeu o leilão de rodovias naquele Estado. No pedido de liminar, o MP alega que não se ofereceram vias alternativas às rodovias leiloadas e aponta a falta de audiências públicas para discutir o assunto com a comunidade.
A controvérsia é mais um indicador de que o processo de privatização trará duvidosas conseqüências para a população. Mostra também que os utilizadores das rodovias, principais influenciados pelas privatizações, não estão convencidos dos benefícios trazidos pelas resoluções tomadas. Só é de se esperar que mais uma vez o consumidor não seja prejudicado em detrimento aos lucros do governo, como já é comum em tantas outras privatizações.
Por Luca Contro
Um comentário:
Bom, se escolheram as empresas por oferecerem baixos pedágios, já é um sinal de que alguém no governo está se importando com os usuários das rodovias, ao contrário dos que permitiram um pedágio de 13 reais para se chegar a uma praia a míseros 80km da minha casa.
No estado de São Paulo, que já tem tantas estradas privatizadas, eu já estava achando estranho que a Régis e a Fernão Dias ainda não tinham sido postas a leilão. Pelas estradas também podemos ver o quanto é abismal a diferença entre esse estado e o restante do país.
Por exemplo, para se chegar até Brasília, gasta-se em torno de 60 reais em pedágios, só dentro do nosso estado. O mesmo tanto se gasta se seu destino for Belém do Pará, pois bote o pé fora de São Paulo que os pedágios milagrosamente desaparecem junto com a confortável estrada que nos faz pensar que estamos em um país de primeiro mundo. A partir daí (isso em todas as direções interioranas) são 4 mil quilômetros de pura aventura, buracos, trechos sumidos, voçorocas, animais selvagens de um metro de altura e deus nos acuda. Nem precisa caminhar tanto, basta olhar o mapa do Brasil e ver como estão distribuídas as estradas.
Privatização pode ser horrível o que for, mas convenhamos que não há comparação entre uma estrada privatizada e uma nas mãos (que faltam dedos) do governo.
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