quinta-feira, 12 de julho de 2007

Samba ou tango? Para a FIFA, só se for os dois juntos.

Prepare seu coração verde e amarelo. Reúna a sua família, os vizinhos, o cunhado, as primas, o cachorro e o papagaio.
Neste domingo o Brasil disputa a final da Copa América contra seu rival de berço, a Argentina.

Não discutirei o torneio em si, quem vai ganhar ou perder (até porque essa uma pergunta existencial que vai ficar sem resposta durante toda a eternidade) nem a escalação, nem a estratégia, nem mesmo o guarda-roupa do Dunga. Hoje, durante a semifinal México e Argentina, o narrador e o comentarista passaram vários minutos divagando sobre qual adversário que a opinião pública preferia para jogar contra o Brasil no domingo. Eu considerei a pergunta um tanto óbvia e rasa.

A pergunta não é um simples: você acha o quê? E sim, um: Quem acha o quê?

Podemos dividir a população desses dois pacatos países em dois grupos: Aqueles que não querem ver o outro de jeito nenhum por medo de uma humilhante derrota (isso lembra a Guerra Fria) e a corajosa turminha do "que o circo pegue fogo".

Só que ninguém quer ver esse circo pegar fogo mais do que a própria FIFA (no caso da Copa América, Conmebol, que é a versão sulamericana da FIFA), que desde que existe a Copa do Mundo mexe os seus pauzinhos (ou melhor, suas chaves) de maneira que os vizinhos fiquem o mais distante possível. Basta observar. Se Brasil sempre sai como cabeça-de-chave nos grupos A, B, C ou D, a Argentina com certeza sai na cabeça do E, F, G ou H, ou vice-versa, sempre em letras alternadas, de forma que mesmo que um saia em segundo lugar de seu grupo e o outro em primeiro, só poderão se encontrar na final, no mínimo semifinal. Na Copa América não foi diferente.

Você pode torturá-los (o pessoal da FIFA, não os argentinos, calma) que eles nunca vão admitir isso. Eles gostam!!! Adoram! Até porque a FIFA é a que mais lucra com a rivalidade desses latinos que amam o futebol como donzelas apaixonadas. Mas tudo tem seu preço, quanta violência e ofensa já não foi distribuída por aí para cada plim que FIFA ouve em sua caixa registradora? Bom, com ou sem plim a ignorância tem muitas cabeças pastando nesses verdes campos e nas lotadas arquibancadas.

Uma boa notícia é que nos últimos anos as duas torcidas se toleram mais, a violência diminuiu. Diz minha tia que já houve torneios que se um participasse o outro não poderia participar também, porque sempre dava em morte no meio da torcida. Se isso aconteceu mesmo no passado, então realmente os tempos mudaram. Mas a emoção ainda é a mesma.

De que adianta ser o melhor do mundo, sem ter alguém doidinho pra te tirar de lá? É que nem mocinho sem vilão. Vários neurologistas afirmam que o cérebro humano precisa se sentir ameaçado às vezes. Faz parte da natureza.

Admita vai. Você também gosta de um pouco de emoção.
Não teria tanta graça se eles não fossem assim tão tinhosos.
Eu sei. Eu também sou brasileira.

Que vença quem jogar melhor.

P.S.: Ei, Dunga, rosa não é cor da bandeira.

3 comentários:

Pedro Zambarda disse...

Cecília dando outro show de como a nossa queria Federação Internacional adora promover o sangue no espetáculo.

É uma rivalidade quase no nível do grande Coliseu romano!

Rodrigo Russo disse...

Só um pequeno aviso galera: a Copa América é organizada pela Conmebol (entidade máxima do futebol sul-americano), e não pela FIFA. Mas é óbvio que Brasil e Argentina devem se enfrentar apenas em fases importantes de um torneio: é como Federer e Nadal, que só se pegam quando o torneio de tênis entra em seus confrontos finais,e fizeram as finais dos dois ultimos Grand Slams, com uma vitória para cada um....Brasil e Argentina em futebol é isso: rivalidade e certeza de um baita jogo, independente da fase que os times atravessem....muito bacana a discussão proposta!

Anônimo disse...

Não só mundial quanto local esses banhos de sangue não conotativos...

Seria uma necessidade do ser humano escolher uma instituição que não tenha nada a ver consigo, seja lá qual for, para defender?