domingo, 24 de junho de 2007

Homenagem a Le Tissier


Esse post é uma humilde homenagem a Matthew Le Tissier e a todos os outros grandes gênios esquecidos pela História. A glória é para poucos, e nem sempre é justa. Grandes homens são esquecidos, enquanto idiotas são glorificados e idolatrados.

Se você não conhece Matthew Le Tissier (que injustiça...), provavelmente acha que eu estou falando de algum filósofo ou intelectual obscuro. Mas está enganado: eu estou falando de um jogador de futebol. E mais: de um dos melhores jogadores de todos os tempos.

Nascido em Guernsey, pequena ilha do Canal da Mancha pertencente à Inglaterra, Le Tissier jogou toda sua carreira pelo Southampton FC. Parece estranho que um dos melhores jogadores de todos os tempos jogue toda sua vida pelo Southampton, um time meia-boca que sempre brigava para não ser rebaixado no Campeonato Inglês? Sim, é estranho, e é exatamente esse o motivo pelo qual ele não alcançou o devido reconhecimento: seu amor pela camisa do pequeno time inglês.

Desde que estreou na equipe, em 1986, Le Tissier se destacou por seu futebol de classe, técnica e frieza. E principalmente por seus incríveis gols, alguns dos mais belos da história do futebol (quem não acreditar, assista ao vídeo no final do post). Também tinha pontos negativos: ele andava em campo, jamais ajudava na marcação e às vezes sumia completamente no jogo, mas de repente reaparecia e fazia uma jogada genial e um golaço, para salvar seu time de mais uma derrota e, provavelmente, do rebaixamento.

Por tudo isso, ele chamou a atenção de diversos grandes clubes, que faziam de tudo para tentar contratá-lo. Mas o habilidoso meia-atacante estava feliz em Southampton, tinha uma grande admiração pela torcida dos Saints (como o clube é conhecido por lá) e por isso recusou propostas de clubes como Milan e Chelsea. Chegou a assinar com o Tottenham, em 1991, mas depois se arrependeu e rasgou o contrato.

Devido a essa fidelidade cada vez mais rara no futebol, alguns dos mais belos gols de todos os tempos foram marcados no pequeno estádio The Dell (capacidade estimada na época: 15 mil pessoas), o craque não ficou conhecido internacionalmente e foi chamado apenas oito vezes para defender a seleção inglesa, o que causou muitas reclamações daqueles que conheciam o futebol de Le God, como ele era chamado pelos torcedores dos Saints, para quem ele é o maior jogador da história do futebol.

Le Tissier foi fiel ao clube que amava até o final de sua carreira, em 2002, e por isso foi esquecido pela História. Depois que se aposentou, o Southampton foi rebaixado para a segunda divisão inglesa, em 2004. A maior revelação do clube depois disso foi Theo Walcott, que jogou apenas 23 vezes pelos Saints antes de assinar contrato com o Arsenal, por 5 milhões de libras. Menos de seis meses depois, o jogador, então com 17 anos, foi convocado para seleção inglesa que disputou a Copa do Mundo na Alemanha, antes mesmo de estrear pela equipe principal do Arsenal.

Isso foi considerado uma imensa injustiça por muitos torcedores do Southampton, que comparavam Walcott com Le Tissier, que se recusava a sair do clube que o revelou e por isso não era chamado para o English Team. Mas não se pode condenar Walcott por ter trocado um pequeno e fraco time por um grande clube e um excelente contrato. Essa é a regra. Matthew Le Tissier é a exceção.

2 comentários:

Pedro Zambarda disse...

Ao ler o título do post, achei que o meio-atacante era francês. Me espantei por sua trajetória, no mínimo, polêmica no futebol inglês.

O vídeo realmente demonstra uma habilidade de dar inveja em muitos brasileiros. Demonstra também, contra todos os esteriótipos que temos sobre o futebol, que ainda há o chamado "futebol arte", ou algo semelhante.

Parabéns por enriquecer o blog, Diego!

Anônimo disse...

Isso mostra o quão sujo e comercial tornou-se o futebol.